Esse post da XicaraDeLuz é conhecidíssimo. Belíssimo.
Não sei se você vai entender, mas o seu depoimento me trouxe alguma alegria. Sabe por que? Porque você reflete exatamente o medo de MILHARES de mulheres. Mas você está, por alguma força interior, tentando ultrapassá-lo. E isso já determina a grande mulher que é, independente dos seus parcos 20 aninhos.
Você não me conhece e, por isso, não tem motivo algum para confiar em mim. Mas eu lhe dou a minha palavra que a dor do parto não é nem de perto esse monstro que você prevê. Porém ela vestirá essa roupagem, se você permitir.
Eu sou uma otimista e creio piamente que TODA mulher capaz de gerar, salvo raríssimas exceções, também é capaz de parir. Naturalmente.
Nunca tive medo da dor do parto. Mas minha doula me disse uma coisa importante que me ajudou muito a entender o processo das contrações em meu corpo. Ela me disse: são como ondas. Imagine um mar com ondas calmas, indo e vindo. É desta forma que o TP começa. E, acredite, assim como é uma delícia deixar o corpo ao sabor de um mar morno e tranquilo, as contrações SEM indução começam de forma extremamente prazeirosa.
Então, na primeira contração, que vai durar bem pouquinho, você já poderá deslumbrar o que lhe espera. Ficará surpresa, porque NADA do que lhe contaram sobre serem terríveis e insuportáveis se parecerá com a sensação que elas produzem. Por isso algumas mulheres que se entregam ao prazer do parto recusam-se a chamar de “dor”. O termo certo não é dor. Mas não sei qual é. Assim como algumas línguas não possuem uma palavra para traduzir o que chamamos de “saudade”, a sensação de uma contração não deveria ser traduzida com a palavra “dor”.
Bem, se eu tivesse que usar alguma sensação dolorosa para comparar com a contração, a mais próxima seria de uma cólica menstrual. Não sei se você já teve. Mas aquela dorzinha fininha, começando nas costas e caminhando até o baixo ventre. Uma contração é mais ou menos isso (ou não!).
Ela vai durar bem pouquinho no início. Tanto é que, as primeiras se você estiver dormindo, nem vai sentir. Duram segundinhos. E até vir a próxima “onda” leva tanto tempo que você já se esqueceu como foi a anterior. Está entendendo?
Quando o TP engrenar, o que pode demorar horas ou dias, você já vai estar habituada com a contração. Já conseguirá identificar quando ela inicia, saberá quando está na “crista da onda” e também quando ela está indo embora. Então o que muda para ficar tão difícil como dizem?? Muda a duração da contração, que era segundinhos, e passa a ser de um minuto ou pouco mais. Muda também o intervalo, que podia ser de hora ou longos minutos, e pode passar a ter segundinhos.
Ou seja, não existe um momento a partir do qual você sentirá uma dor dilacerante e ficará com ela por dias. Contrações são ondas. Vem e vão. E algumas mulheres, com TP prolongado, podem ter intervalos de minutos e até DORMIREM entre uma contração e outra.
Mas aí vem o grande mistério do poder feminino de parir. Se você entender muito bem que aquelas ondas estão trazendo seu filho, a cada contração você sentirá ele mais próximo dos seus braços. Você não lutará contra a contração, porque você QUER que ela venha e lhe traga seu filho. Estar dando a luz e ser a protagonista daquele fenômeno é tão fabuloso que em vez de vestir aquele momento com dor… surpreendentemente você poderá fazê-lo com PRAZER.
Porém, você só pode fazer aquilo que acredita que pode. Ainda resta algum tempo até o seu parto, portanto, eu gostaria de lhe dizer para reforçar a auto-estima, olhar para a Cris que muitas vezes superou outros obstáculos na vida, e encontrar força e confiança para assumir o nascimento do seu filho. Acredite que, apesar de tudo que já lhe disseram sobre dores insuportáveis, as mulheres têm sobrevivido à isso por milénios. E elas não o fariam tantas vezes, se realmente fosse maior do que elas podem aguentar.
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