0

Violência contra bebês

Vou falar, falei. E esse post vai com disclaimer 'é minha opinião', não vou discutí-la que para mim é verdade absoluta. Não estou nem aí pro que pensam os outros, vou vomitar e nem ler as respostas hoje.

Deliberadamente não atender a necessidade de um bebê para mim é crueldade. Maus tratos. Um bebê e seu sistema neurológico imaturo precisam de pequenos cuidados repetidamente, até que o cérebro tenha um melhor desenvolvimento. Não vejo diferença entre necessidade de leite e necessidade de colo. É necessidade igual, válidas da mesma maneira. Até adultos precisamos de companhia, acalanto, apoio, que dirá um pequeno primata.

Para quem deixa chorando bebê 'para ser independente' eu desejo o mesmo; em caso de desespero, cansaço, tristeza absoluta, eu falaria com todas as letras: foda-se. Fique sozinha para aprender que a vida é cruel, que ninguém vai lhe ajudar. Estou fazendo isso pra vc ser 'independente', seja lá o que isso signifique. Chore até desmaiar de cansaço e desespero, porque eu não vou lhe dar o ombro.

Independência, autonomia? Eu não quero filhos independentes: quero-os antenados no mundo, na ecologia, crescimento sustentável, que se importe com os outros. Não use de escada, seja moral e correto. Independentes, nunca, jamais.

Fetos e mãe estão ligados fisica e emocionalmente, um enlace. A amamentação mantém esse laço fortemente; mas eles vão se distanciando. Cada vez mais para longe, num ímpeto que vem de dentro. A gente só faz aceitar, porque o crescimento é o segredo divino. Alguém já viu algum adolescente que queira fazer cama compartilhada com os pais? Desde que depositemos confiança nos filhos, eles se afastaram gradativamente.

Segurança. A certeza de que seremos apoiados se necessitarmos, que podemos ir cada vez mais longe e ainda assim teremos apoio. Consegue-se isso abandonando um bebê a sua própria sorte? Que segurança nos pais uma criança dessas terá, de que está sozinha no mundo?

Enoja profissionais da saúde que profetizam como deuses, que semeam sua ignorância como autoridades máximas da ciência. Enoja utilizarem-se dos títulos para repassar crendices que servem de desculpas para maus tratos contra as crianças e minar a pouca confiança na própria maternagem. Irrita tirarem as decisões básicas da vida da criança de seus pais.

Se dão uma palmada nas crianças que erram, eu devia encher essa criatura de porrada; quem sabe assim lesse mais artigos e se colocasse em seu lugar. Resolve?

Em tempo: hoje há consenso que leite humano deve ser ofertado em livre demanda, e que previne a obesidade na vida adulta. Eu não acredito que cérebros diminutos de bebê façam mais do que sobreviver; e deixar chorando sozinho aumenta os níveis de cortisol, estimulando a violência teoricamente. Também acredito que os PAIS devem decidir onde o bebê deve dormir, de acordo com o que for mais confortável para a família.

E admito que a maternidade cansa, amamentar cansa muito. Vida se alimenta de vida.

Mas nada justifica 'culpar' a mãe pela dependência nata dos bebês humanos. Culpe os deuses, a evolução, culpe quem quiser, mas a mãe é apenas mãe e humana.
0

Amamentação e confiança

Já li no Criando Bebês que amamentar é um truque de confiança:

Nós sabemos que as mulheres que fazem isso [amamentar] bem e com facilidade são as que nunca consideraram que não conseguiriam. São mulheres que estão cercadas por pessoas que ensinam a elas como colocar o bebê no peito adequadamente e sempre dão a elas a impressão de que tudo vai dar certo.
Pesquisas feitas com mães novatas mostram que o simples fato de ensinar como se faz o leite artificial, antes que elas saiam do hospital, reduz de maneira significativa o número de mães que amamentam com sucesso. Isso manda um sinal silencioso para essas mulheres ansiosas que elas podem falhar na amamentação. Para a mãe, com o seu primeiro bebê aparentemente vulnerável e totalmente dependente, a amamentação é uma grande responsabilidade. Nem o peito, nem o bebê dizem quanto leite está entrando. As mães tem que assumir que é o suficiente.
Existem poucas coisas parecidas com isso no mundo. Normalmente, você pode checar as informações, ou pedir um conselho, ou chegar a uma conclusão sozinha... Mas aqui é só o peito e o bebê, fazendo o trabalho deles.

Lindo, não? Toda amamentação tem momentos críticos: três claríssimos que vejo é o início, a melhora da logística aos 2~3 meses, e o desenvolvimento de sono bebê aos 4 meses.

O início tem inúmeras possibilidades: o mamilo sensível, a demora do leite, o fluxo muito forte, bebê que não sabe pegar, recém-nascido que dorme muito, irriquieto, que dorme muito ao seio, mastites, leite empedrado. Nessa fase, ainda há bastante ajuda, na maternidade as enfermeiras usualmente sabem se utilizar das técnicas.

Para a maioria das mulheres, a produção inicial é inesperada e irracional: o leite vaza, os peitos ficam estufados. Como o corpo humano não é burro, em algum ponto essa falha de percurso é corrigida, e o peito torna-se a fábrica just-in-time, perfeita. Isso assusta muitas desavisadas, que deduzem que 'seu leite acabou'. Junte isso com um bebê que chora muito (e pode ser até sono ou saudades do útero) e você tem um vendaval. Ofereça leite artificial, a feijoada versão baby, e seu bebê ficará letárgico pela digestão e aparentemente 'melhor'. Isso provavelmente acontecerá antes dos 3 meses.

E aos 4, o sono enlouquece. Seu bebê terá alguns dias que você duvida muito que sobreviverá ilesa. E a amamentação paga o pato novamente.

E agora, o que distingue a mãe que parte para o leite artificial da mãe que insiste em outras coisas? Para mim é conhecimento, apoio e confiança no corpo. E vcs, o que acham?
0

Cesárea não é parto III

Passarinho me contou que foi AGORINHA pro ar uma matéria no domingo espetacular da record denunciando em que ponto está a cesárea no Brasil.

E passarinho 2 me contou que tá pra passar mais uma no JN!

Nessas horas eu queria ter TV !
0

AMAmente.

Uma postagem minha do orkut.

Eu sei que ser mãe de bebê cansa. Cansa e muito, eu tenho dois e nenhum era um bebê 'calmo'. Os primeiros 4 meses dá a sensação que nunca mais poderemos fazer algo que gostamos além de ficar com o bebê. É uma fase difícil, acho que dormir de picado faz a coisa ficar esquisita. É uma fase de adaptação.

Mas é além disso uma experiência única, somos amadas pelos nossos bebês simplesmente por existirmos: parece que eles se alimentam mais do que de nosso leite, se apoiam em nossas vidas. Já li uma frase que é 'o bebê não existe sem a mãe'. O emocional do bebê no primeiro ano se apóia na mãe. É uma fase cansativa, mas divina. Nos faz perceber ali, o quanto podemos ser importantes para alguém.

Enquanto ele é novinho (antes de engatinhar), há mil coisas que vc pode fazer com ele no sling para recuperar um pouquinho da sua 'identidade'. Com o passar dos meses, anos, cada vez os filhos se distanciam mais emocionalmente dos pais.

Com três ou quatro anos, a criança 'pode' ficar longe de vc por algumas horas ou dias. Mas pergunta se você quererá ficar longe de seu filho? Coloque-se nesse lugar, mesmo que vc não amamentasse vc deixaria seu bebê com outro para sair, viajar ou alguma coisa? Mesmo que fizesse, ia ficar despreocupada? Suas prioriades mudaram. Vc ainda terá anos para voltar a fazer o que vc fazia antes de ter seu bebê. A pergunta é: vc quer mesmo?

O tempo não volta, nunca volta. Não deixe que te escondam a beleza de cuidar de uma criança. Sua 'vida social' pode voltar se vc desejar, mas vc tem todo o tempo da infância dele para retomá-la. Eu não tenho pressa, degusto uma coisa de cada vez, adapto meus passeios a meus filhos. Eu amo amamentar, vou conseguir fazer isso por tão pouco tempo. O que é dois anos perto de uma vida inteira.
0

E a culpa é da amamentação.

Se a criança não engorda, a culpa é da amamentação.
Se a mãe se sente presa à maternidade, a culpa é da amamentação.
Se o bebê não dorme 1231123 horas seguidas, a culpa é do 'leite aguado'.
Se não bate um prato caminhoneiro, a culpa é o leite humano.

Inacreditável. Depois de desmamar, o bebê irá dormir sozinho, não vai sentir falta de carinho, não vai mais querer colo, vai preparar sua mamadeira sozinho a noite - claro, né, no mínimo - e começar a comer todos os inúmeros vegetais que nem deve caber no seu estômago e ainda falar obrigado. Melhor ainda é desmamar abruptamente, pro bebê se sentir logo abandonado e não torrar o saco. Se vira nenê.

Investigar rotina, alergias ou ajudar a mãe é para os fracos. O lance é desmamar logo, que é arcaico e antiquado, animalesco.

Se a criança já come pouco, porque tirar uma fonte tão rica quanto o LH? Cadê a lógica?
0

De carona

Eu já falei que amo o blog das mamíferas??

Por que será que as campanhas não funcionam?


Sou obrigada a deixar aqui o link, o texto é maravilhoso. O que não toca no coração das pessoas? O que podemos fazer a respeito?

Tentarei digerir.
0

Procura-se pagãs partocêntricas

Ouvir desnecesáreas e fazer cara de paisagem não é meu forte. E vou dizer que bem que tento, mas a coisa degringola, empaca aqui e eu tenho que cuspir. Tento comer pelas beiradas, falar que a pessoa não deve ter entendido direito, que a coisa deveria ter sido outra, que tem outra razão e que aquilo é fake: mas enxerga quem quer, quando quer.

Eu sei que a tal dor do parto tá na bíblia, no imaginário coletivo, mas se tem uma coisa que me irrita são as mulheres que se afirmam pagãs e idolatram suas desnecesáreas. Quer coisa mais sagrada, mas feminina, mais divina que PARIR? Que pagão decente se baseará na bíblia?

As três faces, a donzela, a mãe, a anciã. O rito de passagem da donzela para a mãe, e é deliberadamente ignorado. Idolatra-se a menstruação, a menopausa, o sexo: que algo mais forte que um parto? A Deusa em nós, a iniciação, o estado alterado de consciência, o ritual mais determinante, ciclo de vida e morte por nós.

E só vêem a cirurgia 'limpa', 'civilizada'. É pagão quem quer, mas sejamos por inteiro!

P.S. - Procurei, procurei, e ainda não encontrei =/
2

Links não seguidos

Eu descobri recentemente que as pessoas tem dificuldades com links em discussões. Eu sempre fui inocente, no orkut sempre lotava minhas mensagens de links para discussões interessantes, artigos, blablablabla. Esforçava para achar referências em português, porque dos fóruns técnicos herdei essa vontade de ajudar os novatos em inglês.

Houve uma discussão sobre um tal dactil oral, remédio (em tese) para evitar o desencadeamento de trabalho de parto precoce. É placebo, placebão total, caríssimo, mas chove 'gravedenha' cujo obstetra receitou. Eu me abstenho; placebo só funciona desde que não se saiba que é placebo. A sensibilidade é tão crua na gravidez que tenho medo de fazer um alerta e acontecer um acidente, sentiria-me culpada.

Amiga minha entrou na discussão miguxa sobre o dactil, e postou link sobre evidências do remédio. Fiz cara de susto, e falei em privado 'poxa, já pensou se tá fazendo efeito como placebo? Eu nunca falo disso'. A resposta dela foi clara 'Mas eu não disse nada, quem disse foi o link. rs'.

Pasmém, a discussão prosseguiu, e NENHUMA (ex)grávida comentou o link. Pularam o post, skip, next, ignora. Meu queixo no chão, sim, porque se colocamos um texto é no mínimo relacionado!

Hoje sou uma descrente total: copio o texto se muito importante, uso links ou para espalhar meu blog (hahahaha) ou em comunidades selecionadas. Ainda me pergunto porque é que alguém não segue os links.
0

Ctrl c / ctrl v

Peço desculpas a quem tem me acompanhado por RSS ou afins, eu tenho feito muitas correções de posts após publicá-los.

Sabe como é, minha vontade é soltar as ideias logo, e acabo não prestando atenção!

Sorry!!
0

Yes, eu reviro a PartoNosso!

Do Ric Jones, Qui, 8 de Jan de 2004 10:25 am

Genética

Meus filhos são um exemplo claro da genética aplicada à vida comum. Meu filho tem olhos castanhos. Minha filha os tem cor de mel. Meu filho gosta de castanhas e minha filha passa mel no pão.Eu acho isso fabuloso...

É impressionante. É daquelas coincidências na vida que vc pensa: "Deve existir alguma coisa maior, muito maior. Aí olho de novo pro seu contracheque e começo a chorar"...


Por falar nisso (em genética e hereditariedade), há alguns dias atrás, uma moça me disse a seguinte frase: "Eu tive os meus três filhos de cesariana." Pobre coitada e incauta. Estava falando de missa face a face com Nosferatu. Olhei para seus olhos azuis que mais pareciam "dois peixinhos em um aquário tropical", no dizer de Aldir Blanc.
- Porque, perguntei eu. - Qual a indicação das tuas cirurgias?
Ela aprumou-se na cadeira e respondeu:
- Na primeira eu não tive dilatação. Já estava com 9 meses completos e nada. Para piorar, o bebê não estava encaixado. O meu médico disse que era melhor operar para não arriscar, e eu fiquei bem contente. Não adianta, eu não tenho dilatação. Filho comigo só se for por cesárea. Minhas irmãs são todas assim também: só cesária.
Genética. Hereditariedade. Um padrão de "falta de dilatação" que se manifesta em uma geração inteira de um grupo familiar. Alguém já escutou essa história antes? Bem, eu não havia prometido nada inétito.
- E as outras cirurgias, qual a razão, continuei.

- Bem, a segunda eu estava com 38 semanas e o líquido estava em pequena quantidade. Na 4ª ecografia é que apareceu isso. Além disso o médico achou que poderia ser muito grande e, como eu já tinha uma cesariana anterior, eu deveria me operar de novo. Marcou a cesariana para dali uma semana, e o bebê nasceu com 3 kg.
Maximilian diria: "Querida, encolhi o bebê!!"...
- Ok, disse eu. A terceira vc não precisa me dizer. Posso adivinhar? Bem.. Você já havia feito duas cesariana e tinha mais de 30 anos, certo?
- 31, emendou ela.

- Aí, continuei, você disse ao médico que queria fazer uma "ligação", e a cesariana foi para dar um nó nas trompas, correto?
- Isso mesmo. Sabe como é... não dá para botar filho no mundo, porque hoje em
dia e vida, os bandidos, e o custo de vida..
Desliguei meu ouvidos por uns instantes e coloquei na minha mente uma música do
Ray Charles, "Song for You". "I love you in a place where there´s no space and time" ... Minha amiga mivia a boca com suavidade, mas as palavras se perdiam sem que eu as escutasse. Fui obrigado a desligar meu CD player mental quando a mímica dos seus lábios indicou que ela havia parado a cantilinária das esterilizações voluntárias.
- E o que vc achou da sua experiência na maternidade nesta vida, perguntei eu, antevendo que iria me incomodar.
- Eu achei ótimo, disse ela abrindo um sorriso alienado. Não tive contrações, não sofri, continuei "apertadinha", não precisei fazer força e não me incomodei tendo que ir correndo pro hospital. Para mim foram experiências ótimas e os meus filhos são saudáveis, apesar do terceiro ter ficado 1 semana no hospital depois de nascer por ter problemas pra respirar.
Respirei fundo. Ao longe, em outro bairro, sentado em uma mesa de bar, Maximilian coçava a barba e olhava a alva espuma de uma Bavária. Fiquei sério por alguns instantes. Lembrei de Nadine me dizendo que "apenas os idiotas acham que podem consertar o mundo". Ela tinha razão, mas "só os desprovidos de coração não tentam", emendava Maximilian.
- Pois eu vou te contar a história dos meus filhos, disse eu.

Ela acomodou-se na cadeira e inclinou sua cabeça para frente.

- Eu tenho dois filhos e ambos são muito parecidos com o pai, disse eu. Mas o
pai deles não sou eu: é um padeiro que mora lá perto de casa. Sabe como é: filho comigo só se for por inseminação artificial. Eu não tenho ereção, sabe como é...
Ela me olhou e fez uma careta. Ainda não tinha feito a sinapse.

- Pois eu acho muito melhor assim, continuei. Sabe, nasci com esse problema de
falta de ereção mas isso não me incomoda nem um pouco. Eu não sou menos homem só porque não tenho ereção, não concordas? Algumas pessoas conseguem, outras não. Eu tenho a entrada das veias muito estreita, muito fechada, então não passa sangue. Foi assim que meu médico me explicou.
Ela continuava me olhando estranho. Como eu usava uns termos rebuscados ela
acreditava que o que eu estava relatando era a cópia fiel da verdade. Continuei meu discurso.
- Pois sabe que eu achei até melhor assim? veja bem. A gente não precisa ficar naquela angústia toda de se "sair bem". Nenhuma mulher vai ficar por aí falando mal da sua "performance", né? Eu, quando realmente precisei "dele" pra algo útil (alem de fazer xixi, no que ele se comporta muito bem), solicitei o auxílio da tecnologia. A tecnologia não está aí para nos auxiliar? Ela não existe para que rompamos as nossas limitações humanas? Pois foi isso que eu fiz. Comprei sêmem e fiz uma inseminação artificial. O importante é as crianças nascerem felizes e saudáveis, não concorda?
Ela balançou a cabeça instintivamente, mas antes que fosse dizer algo eu arrematei.
- E eu acho que foi o melhor para mim. O tal padeiro nem é um cara feio, e os meus filhos herdaram boas coisas dele. Nao serei jamais culpado por algum traço genético ruim (tipo um queixo grande ou uma careca precoce). Não precisei me apavorar com minha "pontaria" em engravidar alguém: foi tudo feito em um laboratório e com hora marcada. Minha mulher não se importou, e muito menos eu, porque afinal o importante...
- ...é os filhos nascerem saudáveis, completou a minha amiga, já de saco cheio.
Ela estava com cara de brava. Fuzilou-me com os olhos e disse:
- Eu não acredito em vc.
Olhei docemente para seus belos olhos azul água e respondi:
- Essa é a nossa diferença: eu acredito em você.

Num bar distante, na outra esquina da cidade, Maximilian levanta-se para urinar. Caminha dois passos em direção ao banheiro, mas no meio do caminho pára. Olha para os letriros do bar, para a calçada molhada pela chuva e para a bela garçonete que o atendera. Volta a sua face para a mesa onde estivera sentado e observa a espuma desaparecendo no copo agora vazio. Uma melancolia mesclada com plenitude vesical, pensou ele. Abre um sorriso tímido e fala para si mesmo, não
importando se alguém vai ouvir:
- Patu saleh!!
Patu saleh, camarada.
0

Cesárea não é parto II

Saiu no blog das mamíferas, e replicado: Cesárea não é parto
Causou maior bafafá, dizer que uma mãe não pariu é uma ofensa sem tamanho...

Voltando no tempo, fato curioso. Assim que me descobri grávida (yes, não acreditei nas duas linhazinhas, fui doar uns ml de sangue pro laboratório) novamente, marquei consulta com o obstetra. Chegando lá (yes 2, eu ESQUECI DE LEVAR o tal exame), surpresa inicial:

(Eu) - Poxa, eu fiz exame de gravidez e esqueci de trazer
(Ele) - Deduzo eu que foi positivo pra vc estar aqui

Hehehehe Segundo round, idade, peso, (estimativa chutada da) data da última menstruação, histórico obstétrico:

(Ele) - Filhos anteriores?
(Eu) - Sim, tem 3 anos e meio.
(Ele) - Foi cesárea ou parto?

Levei uns 3 segundos digerindo...
(Eu) - Parto...

Pareceu óbvio, mas singular. Parto vem de parir. Parir, uma ação, um verbo fantástico, irregular. Trabalho de parto, culmina com o parto. O trabalho do corpo da mãe para expulsar o feto do útero. 'Foi um parto comprar': isto é, demorou muito, cansativo, deu trabalho.

Um TP leva usualmente horas de contrações, que servem para dilatar o colo do útero: um processo involuntário, cheio de nuances emocionais e fisiológicas, mágicas. Depois disso, as contrações servirão para empurrar o bebê para fora - e é claro, instintivamente sente-se vontade de empurrar, ajudando o trajeto. Ao final do processo somos humanas, mulheres - um pós-orgasmo, uma plenitude. Nuas, cansadas, descabeladas ou qualquer adjetivo que encontramos pelo meio do trabalho de parto não faz mais sentido, é tudo.

Acho óbvia a diferença entre o corpo naturalmente empurrar a criança para seu primeiro sopro de vida ou nos anestesiarem, cortarem nossa barriga, retirarem na força bruta e nos costurarem depois. Existe uma diferença básica de protagonismo, de quem executou a ação.

Cesárea não é parto. É cirurgia. Feito por médicos.
Parto não é cirurgia.
0

XicaraDeLuz

Esse post da XicaraDeLuz é conhecidíssimo. Belíssimo.

Não sei se você vai entender, mas o seu depoimento me trouxe alguma alegria. Sabe por que? Porque você reflete exatamente o medo de MILHARES de mulheres. Mas você está, por alguma força interior, tentando ultrapassá-lo. E isso já determina a grande mulher que é, independente dos seus parcos 20 aninhos.

Você não me conhece e, por isso, não tem motivo algum para confiar em mim. Mas eu lhe dou a minha palavra que a dor do parto não é nem de perto esse monstro que você prevê. Porém ela vestirá essa roupagem, se você permitir.

Eu sou uma otimista e creio piamente que TODA mulher capaz de gerar, salvo raríssimas exceções, também é capaz de parir. Naturalmente.

Nunca tive medo da dor do parto. Mas minha doula me disse uma coisa importante que me ajudou muito a entender o processo das contrações em meu corpo. Ela me disse: são como ondas. Imagine um mar com ondas calmas, indo e vindo. É desta forma que o TP começa. E, acredite, assim como é uma delícia deixar o corpo ao sabor de um mar morno e tranquilo, as contrações SEM indução começam de forma extremamente prazeirosa.

Então, na primeira contração, que vai durar bem pouquinho, você já poderá deslumbrar o que lhe espera. Ficará surpresa, porque NADA do que lhe contaram sobre serem terríveis e insuportáveis se parecerá com a sensação que elas produzem. Por isso algumas mulheres que se entregam ao prazer do parto recusam-se a chamar de “dor”. O termo certo não é dor. Mas não sei qual é. Assim como algumas línguas não possuem uma palavra para traduzir o que chamamos de “saudade”, a sensação de uma contração não deveria ser traduzida com a palavra “dor”.

Bem, se eu tivesse que usar alguma sensação dolorosa para comparar com a contração, a mais próxima seria de uma cólica menstrual. Não sei se você já teve. Mas aquela dorzinha fininha, começando nas costas e caminhando até o baixo ventre. Uma contração é mais ou menos isso (ou não!).

Ela vai durar bem pouquinho no início. Tanto é que, as primeiras se você estiver dormindo, nem vai sentir. Duram segundinhos. E até vir a próxima “onda” leva tanto tempo que você já se esqueceu como foi a anterior. Está entendendo?

Quando o TP engrenar, o que pode demorar horas ou dias, você já vai estar habituada com a contração. Já conseguirá identificar quando ela inicia, saberá quando está na “crista da onda” e também quando ela está indo embora. Então o que muda para ficar tão difícil como dizem?? Muda a duração da contração, que era segundinhos, e passa a ser de um minuto ou pouco mais. Muda também o intervalo, que podia ser de hora ou longos minutos, e pode passar a ter segundinhos.

Ou seja, não existe um momento a partir do qual você sentirá uma dor dilacerante e ficará com ela por dias. Contrações são ondas. Vem e vão. E algumas mulheres, com TP prolongado, podem ter intervalos de minutos e até DORMIREM entre uma contração e outra.

Mas aí vem o grande mistério do poder feminino de parir. Se você entender muito bem que aquelas ondas estão trazendo seu filho, a cada contração você sentirá ele mais próximo dos seus braços. Você não lutará contra a contração, porque você QUER que ela venha e lhe traga seu filho. Estar dando a luz e ser a protagonista daquele fenômeno é tão fabuloso que em vez de vestir aquele momento com dor… surpreendentemente você poderá fazê-lo com PRAZER.

Porém, você só pode fazer aquilo que acredita que pode. Ainda resta algum tempo até o seu parto, portanto, eu gostaria de lhe dizer para reforçar a auto-estima, olhar para a Cris que muitas vezes superou outros obstáculos na vida, e encontrar força e confiança para assumir o nascimento do seu filho. Acredite que, apesar de tudo que já lhe disseram sobre dores insuportáveis, as mulheres têm sobrevivido à isso por milénios. E elas não o fariam tantas vezes, se realmente fosse maior do que elas podem aguentar.


Fonte
0

Copiando da partonosso....

..... By Roselene, 25 de Jan de 2004
Como diz Waleska, direto do túnel do tempo!


As mulheres entram nesta lista com seus múltiplos históricos de vida e por múltiplos motivos. Poderíamos fazer uma escala de dificuldade!

grau 5 – cegonha
está na terceira geração de cesárea eletiva: a mãe e a avó fizeram, as amigas fizeram, seus ídolos xuxa&cia.blonde tb. Ela nunca cogitou outra possibilidade, simplesmente não existe outra modalidade possível em seu acervo mental pessoal. entrou na lista por acaso, está grávida de 12 semanas e pensou se quem sabe teria uma lista para discutir sobre isso, ela está em dúvida sobre qual maternidade é mais legal, e então entra no mesmo yahoogroups q a levou à lista sobre
poodlestoys e pop-espiritualismo e encontra a nossa; choca-se qdo lhe dizemos por onde nascem os bbs, chama a gente de radical e some dizendo "não a-cre-di-to, geeeeeeeente......".

grau 4 – playground
imagina q fará cesárea e está preparando um mapa astral para escolher a data, afinal parto normal é para mulheres menos favorecidas, gente q não tem opção. acredita q parto normal compromete a vida sexual; nunca parou pra pensar, qdo pára vê q tem muitas dúvidas... faz perguntas, concorda com algumas coisas, apresenta uma série de obstáculos, da mãe ao plano de saúde, e ao final está certa de q pode conseguir um parto normal com o seu médico, pois ele disse q não tem
nada contra parto normal. A taxa de cesáreas dele é 95%. dias depois ela volta pra dar um "oi", diz q teve q fazer cesárea porque tinha xis voltas de cordão – vcs precisavam ver, ele nasceu roxinho, coitado e diz: "vcs não podem ser tão radicais! minha experiência tá sendo ótima e o importante é q eu e bb passamos bem". E no íntimo ela e seu par pensam, bem baixinho: "uffff... intacta".

grau 3 - moderna
quer "tentar" o parto normal, já ouviu falar q a recuperação é muito melhor e então talvez seja melhor sofrer um pouco antes do q muitos dias depois. chama parto normal de "sonho", pois sabe q é muito difícil uma mulher moderna conseguir parto normal hoje em dia, é sedentária, trabalha e além de tudo é muito parecida com uma amiga que "não teve passagem" - tem dificuldade para colocar ob, então
imagina q será muito difícil ter um bb saindo dali.. ao final, mais ou menos convencida de que parto normal não é tão difícil de conseguir, de qq forma não abre mão de estar num hospital com as máquinas de fazer ping e acha anestesia um recurso maravilhoso, torna tudo mais zen e clean, q ela não tem nada de natureba. acha radical quem lhe mostra as inconveniências das intervenções hospitalares.
pelo seu poder de sedução junto ao médico pode conseguir um parto normal hospitalar estilo discovery channel, mas se não for por isso... ele vai encontrar uma indicação pra cesárea nos seus múltiplos ultra-sons.

grau 2 - deus no céu e dr. fulano na terra
sabe muito e quer parto normal, mas demora a acreditar q está nas mãos de um médico cesarista: ela faz um plano de parto e mostra ao médico q acha tudo lindo. magina, gente, ele disse q apóia!!!!! com toda nossa vivência a gente tenta alertar, ela se mostra ofendida com nossa incompreensão. chama a gente de radical e depois volta à lista dizendo q a gente tinha toda razão, e da cama do hospital já planeja seu VBAC.

grau 1 – futurinha
teve infos muito positivas ao longo da vida sobre parto normal. pode ou não saber muito a respeito, mas já tem a semente do conceito embutida: QUER PARIR. estatisticamente, é quase certo q esteja com o médico errado, e troca de médico assim q lhe alertamos sobre alguns pontos, se for o caso na 40ª semana. descobre q seu médico há 12 anos nunca vai colaborar com seu parto normal. ao final consegue parir com o mínimo de ou nenhuma intervenção numa casa de parto ou na "pior" das hipóteses numa sala de parto hospitalar (ou até na escadinha da
maca, né Socorro!!) com doula e médico "dos nossos" ou parteira.

grau 0 – radical
chega preparadíssima conceitualmente, tira dúvidas, e de tão convicta fala: "radical!!!!! vou ter parto em casa".

grau honorário – fisiológica
essa ainda tô pra ver: vai ter um unassisted e deixar muita radical
de bocaberta.
4

Puxassaquismo virtual.

Em nossas andanças virtuais, esbarramos com muita gente: umas são burras de pedra, outras tem algumas opiniões legais. Note, ter 'opiniões legais' não quer dizer que sempre concordaremos, mas que a pessoa sabe discutir e se expressar. Alguém inteligente.

Algumas poucas pessoas sabem argumentar; dá pra contar nos dedos. Argumentar nos coloca no nosso lugar, em que sempre podemos variar nossa opinião; mais do que isso, pensamos sobre elas. Conseguimos nos perguntar se aquela é uma opinião nossa ou de rebanho. Se levamos todas as variáveis em questões, se analisamos corretamente. Maioria não pensa em suas ações; funciona igual os pais, os vizinhos, os avós; não digere informações, engole sem mastivar e vocifera sem pestanejar. Principalmente na maternagem, tem-se que 'criar filhos' é fórmula pronta, que não carece de inteligência, desafios ou mesmo evolução das ideias: afinal, se funcionou comigo funciona com meus filhos. Com isso, não se sai do status quo, e o único que cresce é o filho.

Tem as pessoas que discordamos, mas adoramos; tem as pessoas que repetem discursos prontos; tem as que concordamos às vezes, as que discordamos às vezes. Mas ficar de 'ah, falou tudo' é over demais pra mim. Fofa, que bom que vc concorda. Quer fazer das palavras de outrem sua? Maravilha, pode colocar até os númerozinhos no orkut. Quer acrescentar mais algo? Tranquilo. Agora ficar de rasgação de seda, aff, aff, affãaaaaaaaao!

Não rola, puxar saco da moderadora/figurinha carimbada é demais; não é porque é amiga que não vou discordar, não é porque odeio que vou mudar de opinião. Eu tento IGNORAR quem escreveu tal coisa, me concentro no conteúdo e não no mensageiro. É claro que quem sabe discutir será mais levado em consideração por mim do que o resto.

'Falou tudo' é demais. Too much. Principalmente em lista de discussão, receber um e-mail com 'Ah, eu adoro tudo o que vc escreve' é de colocar na spam list. PelAmorDoSacoPrástico, minha mailbox não é penico.

O parto e a montanha russa

Texto de Katia Barga

Tem gente que acha loucura sentir dor para parir.
Muitas coisas na vida são mais loucas e as pessoas fazem. E sem que haja bem estar algum em jogo.
Pense no seu parto como se fosse um passeio de montanha russa. Essa foi a melhor metafora que encontrei!
Imagine a sua gestação como uma daquelas filas enormes em dia de excursão de escola no Hopi Hari. No verão. Você ali esperando aquela fila se deslocado devagar... muito devagar. Você cansada, os pés doendo. Você vê gente com medo, apreensiva. Gente empolgada que descreve como vai ser para quem nunca andou. E você ali. Sem saber o que esperar. Você também escuta alguns: você é louca! Andar nisso aí??? Nunca!!! Você não viu aquela montanha russa lá em Ximbiquinha do Sudoeste que quebrou e matou todo mundo? E o pior foram os que ficaram mutilados pro resto da vida!
Você faz ouvido mouco e continua ali. Avançando devagarinho. Não tem pra onde ir, é tarde pra pular fora, as grades que separam a fila são altas, só dá pra seguir em frente.
Aí você vê quem está saindo, gente meio tonta, com uma expressão que você não entende, cambaleando, passando mal. E você pensa: onde é que eu fui me meter?
Quando você está chegando perto o cansaço está maior, você tem que ficar encostada quase o tempo todo. Ai, não chega nunca. Pra melhorar no finalzinho ainda tem uma baita escada pra subir na plataforma de embarque. Bem que podia ter uma escadazinha rolante aqui...
Você chega na ultima parte da fila. De repente parece que toda aquela morosidade foi embora. A fila anda muito mais rápido agora. Ou será que você é quem acha isso porque a hora de embarcar está se aproximando?
Subir as escadas exige um esforço extra. Parece que seu peso aumentou uns quinze quilos. Você não sabe se é o calor, o tempo de pé, ou se foi aquele combo gigante de hamburguer fritas e balde de refrigerante que estão pesando.
Mas você sobe, um degrau de cada vez. E o topo vai se aproximando.
É quando você avista: tem uma saída de emergência lá em cima. Saída estratégica pela esquerda. Acho que é nessa que eu vou! Mas aí você pensa. Já vim até aqui... e se for tudo o que dizem mesmo? Como é que eu vou saber?
Que o destino decida então: vou jogar uma moeda. Se der cara eu vou. Cara! Melhor de três então. Cara de novo. Ai, ai...
Continua avançando. Ah, se aquela mocinha desmilinguida embarcar, eu vou também. Se ela consegue eu também. Ela embarca.
Ok, acho que vou. a não ser é claro que chova. Se não for totalmente seguro não vou. E eu acho que estou vendo uma nuvenzinha lá longe. Se o carrinho que vier for vermelho também não! Vermelho me dá um azar! E eu não vou arriscar.
Sua vez está chegando, você já vai chegar na plataforma. Uma moça amarela bem na sua frente, sai correndo pela saída de emergência. Você se estica e consegue enxergá-la lá embaixo, na saída da lojinha... tem alguma coisa na mão, mas o olhar parece meio distante.
Eu vou! Não quero ficar imaginando como teria sido.
Chega a sua vez. O coração sobe na boca. O fôlego fica suspenso alguns instantes. Mas você respira fundo e sobe no carrinho. E pensa: ainda bem que não era um vermelho!
A viagem começa devagarinho. Tec tec tec. O carrinho vai subindo devagar. Tranquilo. Não é tudo aquilo! Que povo medroso! Dá até pra tirar a mão. Ainda bem que não desisti!
A brisa no rosto. A paisagem tão linda. Ainda bem que fui forte!
Sobe, sobe, sobe. Puxa, mas que alto... dá uma vertigem de leve...
De repente você se vê no final da subida. C******, que altura, ai, eu vou morrer. Me deixa descer, me deixa sair daqui. F***** da P*** daquela professora que yoga que disse que eu não ia me arrepender. Se estivesse aqui agora, eu matava!!!
Será que aquela doula ia fazer muita diferença segurando aqui a minha mão??? Bando de louca... ah, eu mato se eu sair viva daqui!
E a minha prima, aquela V*** que me convenceu a vir. Vai ser legal, você vai ver, você vai querer ir de novo. Ai, eu mato, eu mato. Cadê ela? Porque não está aqui? Duvido que quando ela andou foi nessa tão alta, aposto que foi na menor!!!

E vem a descida. O looping, uma subidinha, curva, mais curva, outra curva. Você já não está vendo nada direito, está meio tonta, parece meio fora de si. Tem mais gente gritando, ou será que é você mesma? Está doendo tudo, esse bate bate no carrinho vai doer ainda mais amanhã. Vai parecer que fui atropelada... Você nem sabe mais se está de ponta cabeça. Dá medo de olhar. Você espia, fecha o olho de novo. Nào quero nem ver. Não vou olhar. Se eu olhar é pior!

Vai chegando no final. O carrinho desacelera. Você está meio abobada, Grogue. Alguem ajuda a descer. Você nem vê quem é. Podia ser o Brad Pitt e você não ia nem notar. Seu cabelo está parecendo uma piaçava depois da faxina, mas você esqueceu de prendê-lo. E agora nem lembra mais que tem cabelo. Mas tem alguma coisa diferente. Algo a mais em você. Vim, vi e venci. Sou praticamente um Julio Cesar!
Suas pernas cambaleiam um pouco, mas você anda. A brisa bate e aos poucos você se recobra. Levanta a cabeça e sorri.
Era só isso? Porque tive tanto medo?

Vou pra fila de novo!

Quem já andou de montanha russa sabe do que estou falando. Quem passou por um trabalho de parto também.
E você, já andou de montanha russa?
0

Bater em criança é covardia SIM!

Não dá, não 'guento, vou explodir de raiva. Sim, dileta criatura contando com orgulho que deu um tapa na mão de bebê de 7 meses que fazia 'birra'. Yes, queridos expectadores, o circo se torna mais surreal a cada post.

Imagine-se no auge de seus 7 meses, vc que já tem perto dos 50% de cérebro formados, reconhece pessoas, controla suas mãos com alguma segurança, toma controle agora dos pés. Sim, vc recebe um tapa por ter batido em sua fiel-escudeira-cuidadora-mamadeira. Tipo, como assim? Domar a ferinha 'birrenta'? Poupe-me, que eu sou cara.

O ECA é bobo muitas vezes, mas eu sou muito inocente.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.


E a criatura pergunta: cometi um crime? Sim, cometeu sim, vc agiu com VIOLÊNCIA com um ser indefeso, em pleno desenvolvimento. Tenho dito e boa noite.

Dor

Estou já de saída da net, mas vou copiar mais um texto meu do orkut, sobre dor do parto.

Eu não achei que a dor foi tão terrível, sabe.

No primeiro parto, eu estava sozinha, apavorada num hospital frio! Foram as piores horas que já passei, achava que ia morrer, passei mal de todas as maneiras.

Nesse segundo parto, tinha doula, estava tranquila em casa. Hahahahaah Achei que ia ainda demorar muito (veja, eu estava esperando a dor do primeiro) e quase que nasce em casa!


A dor da contração é tipo uma onda; ela não é inesperada. Ela vai subindo, subindo, subindo, como uma onda; daí atinge o pico e desce, desce, desce. O pico é pequeno. Muitas e muitas vezes, quando está subindo parece que vc não vai aguentar, mas daí ela começa a descer. Pra mim, era como uma dor de cólica menstrual mesmo, um tanto mais fortinha. Vc sempre sabe como ela vai se comportar, vc tem tempo de se preparar para encará-la.

Como a dor não é contínua, vc sempre tem tempo pra respirar. Mesmo no final, que parece que o início de uma contração emenda no final da outra, vc sempre tem ali, nem que se seja 15 segundos, pra respirar e se recuperar. E é o pico que pega...

E sempre tem uma posição que a contração dói menos. Tem gente que fica na bola, tem gente que fica debaixo do chuveiro, agachada/acocorada, sentada, com massagens, andando, rebolando, etc.

O que pega num parto é o cansaço. Essas contrações vão cansando mesmo. Às vezes parece que aquilo não acaba nunca; ainda bem que só pensamos isso prq já estamos no finalzinho. Esse cansaço, esses picos que nos levam ao estado alterado de consciência, que chamamos carinhosamente de "partolândia".

Claro, tem que relaxar a pelve! Não adianta travar!

-----------------------
Agora, nem sei se o expulsivo dói. Eu estava na partolândia, eu me lembro apenas de trechos do que aconteceu . E o expulsivo é tão intenso, vc sente tanta, mas tanta coisa ao mesmo tempo, que vc se sente numa avalanche emocional.
0

O custo emocional dos exames

Bem dizia Ric Jones em seu livro, todo exame possui um custo emocional grande dos envolvidos: estamos com 'saúde' até que algum laboratório nos diga que não. Ficamos sempre apreensivos ao abrir um hemograma: será que estaremos anêmicos, nos sentiremos mais cansado de acordo com a porcentagem de hemoglobina apresentada? Conta ele que uma paciente sua, com uma ecografia de qualidade duvidosa, com um em-tese-gigante-tumor, emagreceu quilos e quilos por conta da 'doença'; tornou-se pálida, magra, pele-e-osso, zumbi. Afinal, antes que lhe abrissem o abdômen, descobriu-se que na verdade era apenas a bexiga cheia d'água. Em tempo. As técnicas de exames possuem dois fatores de qualidade: se consegue pegar uma alta porcentagem de problemas (se não deixa passar muitos) e se acusa corretamente os casos (se há poucos falso-positivos). Há de se notar que nem o exame ok garante que teu corpo está bem e nem um exame fora do padrão acuse que estamos doente: é uma questão estatística. Claro, sem parar para analisar a qualidade do laboratório, limitações da técnica e também exames operador-dependentes.

A ecografia obstétrica é um exame que entrou para o lado do entretenimento: faz-se um por mês sem indicação médica clara, às vezes até mais dependendo do medo da mãe. Toda gestação é um processo também emocional, em que cresce cada vez mais nossa percepção do que é estar grávida, como o próprio feto. Para os medos naturais da gestação, precisamos de apoio e amparo, e não guias de US.

Não há um consenso de quantas ecografias são ideais para uma gravidez de baixo risco: aparentemente acredito que a OMS e FEBRASGO recomendem uma no começo para confirmar a data da DUM (veja, CONFIRMAR, porque mesmo no começo existe uma margem de erro de dias), outra no meio (morfológica) e uma no fim (por motivo que desconheço). Em vários lugares do mundo, se faz apenas a morfológica, e a mortalidade materna e fetal não parece ter se alterado.

Dependendo da conduta médica, há uma ou outra indicação para o exame; mas ele é isso, um exame. Depende do operador, da máquina, de mil e uma condições. Está sujeito a falhas como qualquer exame. E mesmo que se encontre alguma coisa, mais raras são as possibilidades de se fazer algo a respeito. Quem faz para 'ver o bebê na TV', 'para se sentir grávida', está indo com o objetivo errado ao laboratório.

Sabe o que acontece com quem procura? Acha. Quem faz exame para 'ver se está tudo bem', vai encontrar algum porém, algum detalhe normal que parece um problema. O próprio nervosismo dos pais, a própria hipocondria da sociedade, a busca por nosso estado eterno de máquina-com-defeito. Há uma confiança tão cega numa máquina e seu operador que alguns médicos chegam a confiar mais nela para medir o crescimento do que a velha fita métrica, que não levaria
mais do que 1 minuto.

Nosso corpo é nosso templo. A natureza mais acerta do que erra, como diria Ana Cris; somos deusas, geramos vida. Não carece ter medo, fazer exames a rodo não dá garantia de nada, aliás, só nos faz ansiedade e mais medo. E imaginar doenças do 0,001%.

Ana Cris já me falou que se somarmos todo o sofrimento da humanidade por falsos-positivos de exame e compararmos com o sofrimento por doenças reais, a primeira parte deve ganhar disparado. Concordo. Temos que viver leve, e nos submetermos à muitos exames só nos faz viver aterrorizados - muitas vezes, tentados a descobrir uma 'doença' que sequer cura tem, ou mesmo com exames que não farão diferença no diagnóstico ou tratamento. Ansiedade e medo à toa.

Falando em partolândia...

.... Copiando!

A Partolândia não é nem um lugar, é mais um...estado. Uma realidade paralela. Não são todas as pessoas que gostariam de passar pela Partolândia, pois estar lá implica em emoções fortes mas, uma vez lá, não tem como voltar. E não se sai de lá da mesma forma que entrou. A Partolândia transforma.

*O tempo na Partolândia não é cronos, é kairós. É o tempo do momento, não do relógio. Não é medido, é sentido.
*Na Partolândia não há razão, há instinto.
*Não existe lógica na Partolândia. Nem raciocínio.
*A realidade se torna secundária na Partolândia. As pessoas viram sombras, as vozes, ruídos.
*Só seu corpo, guiado pela natureza, trabalha na Partolândia.

do Orkut, por Bia
0

Onde fica a partolândia?

Uma coisa que as pessoas não falam é que o trabalho de parto nos coloca em um estado de consciência alterado. Sim, os hormônios literalmente nos embriagam, as ondas das contrações nos colocam em contato com nosso eu mais simples: a mulher, a fêmea mamífera em vias de parir.

Nossa sensibilidade muda, nossos sentimentos transbordam, nossa racionalidade foi pra china junto com com o colo do útero. Os sentimentos nos inundam, transmitem, afetam. Somos um vendaval de mil tornados, e picos de dor. Sim, as dores te colocam ali, foram elas que lhe levaram até lá.

Perdemos a vergonha ou a ganhamos; perdemos a capacidade de articular frases coesas, ganhamos a capacidade de parir - simples assim, para deusas que somos.

A partolândia é sagrada. Os profissionais e acompanhantes do parto devem reaprender a olhar o milagre da vida, vida que se alimenta de vida. Respeitar o ritual de passagem da vida. Apoiar um momento tão delicado emocionalmente de uma mãe a-se-tornar. Ali é o nosso ritual de passagem, onde revivemos a vida. A explosão de cores não é simples, nascer não é fácil; mas nascer mãe é mais difícil ainda. A mãe nasce, o recém-nascido é nascido.

Dessa embriaguez, só nos recuperamos uns quatro dias depois, a paixão platônica pelo bichinho no nosso colo é herança.
0

Frase

Joyce M. E. Guerra de Carvalho, da lista partoNosso
"O aparente caos da minha mente me
impressionou mais que a dor do parto, para falar a verdade."

Sim, estar em TP é uma vassourada nas ideias; a dor é apenas um catalizador para o turbilhão emocional, o tsunami que nos perdemos. A dor é fichinha perto de se encarar assim: na partolândia.
0

Dor e sofrimento

Dor a gente sente quando aperta o aparelho, quando faz depilação, quando faz escova, quando briga com o namorado.

Sofrer pra mim é sentimento forte: eu sofro se alguém próximo morresse; se eu passasse muitas dificuldades, se meus filhos ficassem muitos doentes. Parto é dor da vida, não é sofrimento, não.

Sofrimento é o tratamento absurdo que nos dispensam, sofrimento é as pessoas se aproveitarem de nossa enorme fragilidade num TP para nos abalar; sofrimento é sentir dor sozinha e ouvir desaforos. Sadismo é colocar hormônio para aumentar a dor de outros sem indicação técnica clara.

Sofrimento é no que transformam o parto.
0

A invenção da Infância

Documentário | De Liliana Sulzbach | 2000 | 26 min

Das esquecidas às estressadas, das mimadas às exploradas, todas as nuances das crianças do Brasil.

link aqui
0

Bônus do dia - receita de cozido de aveia

Eu sei que é nada com nada, mas essa é uma descoberta inacreditável da minha mãe: aveia serve para salgados também. Eu tinha um pacote gigante daquela aveia em flocos; faz-se uma espécie de "mingau" salgado, maravilha para uma comida rápida e não fast-food.

Pique/rale todos os ingredientes e os refogue/cozinhe conforme necessário: pode ser presunto, linguiça fina, bacon, mandioquinha, cenoura, ervilha, milho, cenoura, batata, azeitona, alho, cebola, salsinha, pimentão, tomate, restô d'ontê.... depois coloca um tanto de leite, sal, e a aveia. Cozinhe até engrossar e tcharaaaaaans, fica mega bom.

Eu sirvo com arroz ou puro.
0

Do que são feitos os revolucionários

Wikcionário
1) aquele que provoca revoluções;
2) grande renovador;
3) inovador.

Priberam (pr-PT)
* Partidário da revolução.
* Fig. Aquele que introduz novos processos em.

Michaelis
1 Partidário da revolução. 2 Aquele que toma parte numa revolução. 3 Aquele que propaga idéias novas. 4 Aquele que provoca revoluções. 5 Aquele que pretende uma nova ordem de coisas por meios violentos ou pela revolução. 6 Aquele que introduz novos processos numa arte, literatura, ciência ou indústria; inovador.

DicionarioWeb
Que, ou aquele que provoca revoluções; favorável a transformações radicais; progressista, inovador.

Dicionários são objetos peculiares. Eles definem o significado de todas as palavras; como é documentado, muitas palavras estão com o significado que elas deveriam ter ou que já tiveram. Por isso, o melhor termômetro inventado atualmente é a wikipedia e seus projetos afiliados: ali a gente realmente sente o que se pensa na internet.

Então revolucionário é o inovador. Seria um elogio ou ofensa?

Sou 'favorável a transformações radicais'; serei eu uma revolucionária? Creio que sim. Acredito que é mais fácil viver numa sociedade menos tecnocrática, menos medicalizada começando pelo parto. O nascimento de uma mãe, o milagre da vida.

Mas o bom revolucionário escolhe suas batalhas; não se deve matar o mensageiro. Só agir por impulso em todas as áreas é ser barraqueiro e chato, mas não inovador.
3

O escritor e o leitor

Tá, eu sei que o escritor não escreve para agradar o leitor, e sim pela beleza da obra; mas vcs poderiam por favor comentar e mostrar que estão aí?? hehe
0

Quando eu crescer...

Estou num baita empenho atualmente para demonstrar o fluxo do tempo para meu primogênito. Afinal, nada mais belo que o ciclo da vida.

Fui surpreendida por uma descrição tão simples, tão direta dos valores que passo:

(Leozinho dormindo no carro)
- Mãe, né que quando eu era pequeno vc fazia silêncio p'ra eu dormir?
- Sim, filho, quando vc era nenê a gente cuidava de vc igual a gente cuida do Leo.
- Né que quando eu era pequeno eu não falava?
- Isso mesmo, meu anjo, quando vc era bebê vc não falava; e agora vc fala muito!
- Ô mãe, né que agora eu sou muuuuito grande?
- Sim, filho, mas vc vai ficar ainda maior: vc vai ser maior que seu pai e sua mãe, sabia?
- 'Sabío'
- E quando vc crescer muito, vc pode ser pai dos seus filhos. Vc quer ter filhos?
- Sim, e eu vou cuidar dos bebês igual eu cuido do Leo. E eu não vou bater neles, porque quem bate é muito mau, né mãe? Não pode bater nos filhos.
- Exatamente, meu filho, é muito feio bater

Achei incrível que essa foi a primeira coisa que passou pela cabeça dele; deve ser algo muito forte.... E o mais especial é que ele claramente não tem ciúmes do tipo de cuidados que o irmão recebe exatamente porque ele já entendeu que ele já recebeu o mesmo tipo de cuidado.
Back to Top