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Homens, carros e mulheres

(Estive sumida, eu sei. ;)  )

**Este é um post ácido e chulo. Tirem as crianças, cardíacos e ofendidos da frente do monitor. Sabe como é, evito TPM mantendo-me sempre irritada. **

Coisa que me irrita nessa vida é um machismo disfarçado de piada. Sei que isso não parece ter a ver com a maternidade, mas tem tudo a ver com a criação de nossos meninos e meninas.

Pérolas: 'vou comprar carro para arranjar mulher'. Dileto palhaço (como diz um blog conhecido), tu é burro pra caralho. Que espécie de 'mulher' tu espera arranjar por conta de um automóvel tosco? Que espécie de consideração ou companheirismo quer? Depois, é traído por qualquer outro playboy com o carro do ano e diz que ELA é vagabunda - que espécie mesmo de relacionamento você espera baseado em um CARRO?

Então vamos colocar os termos em dinheiros. Você quer SEXO, ok? Com o dinheiro do carro, manutenção, gasolina você contrata profissionais do sexo - a sua escolha! Comprar um carro para conseguir sexo é uma falácia, por sinal uma idiotice sem tamanho. Fora que, com as mulheres 'convencionais' vc terá que pagar o cinema, a balada, o boteca, o jantar, fingir de romântico... - espera o que, que a mulher que se pegou o carro (bem material) vai ficar satisfeita de apenas andar nesse troço?
Afinal, cada um busca o que quiser num relacionamento. Se você escolhe ser o paga-lanche da menina, quem sou eu para me ofender por seus gastos?

'Mulher só sabe gastar', 'mulher compra só futilidade'. Quer saber, metade da população do mundo NÃO É MULHER. Não gosta de mulher, vai casar com uma A TROCO DE QUE, ô fofolete? Pra ter sexo, não precisa casar faz algumas décadas, sabia?

[Aliás, tem um blog amável chamado Eu dou para Idiotas, e Patypharia descreveu com precisão a doença masculina 'SPP' - a síndrome do Pinto Pequeno (Parte 1 e Parte 2). Tenho certeza que uma boa porção da necessidade dos homens por 'carro grande', 'TV grande' é completamente descrita por essa recém-relatada síndrome psicológica. ]

Alienação por não ter TV?

Uma coisa que não entendo é a mania das pessoas de acharem que as boas informações estão na TV. Ou que não assistir TV é alienação. Em bom francês, bull shit.
Não existe nenhuma tarefa que uma TV faça melhor que um computador. Simplesmente, notícias tenho N sites, com possibilidade de comentar, enviar, refutar, discutir. Tenho blogs de opiniões, de notícias, de tecnologia, de ajuda, de estudo. Posso ver trechos de programas no youtube. Posso jogar, receber piadas e videos, participar de virais, rir, aprender. Posso ler sobre medicina, parto, ou qualquer outro assunto de meu interesse. Meus contatos no twitter, orkut, Google Reader e listas de discussão simplesmente me repassam mais informações relevantes do que em qualquer outra época da minha vida já recebi. E na mais diferentes abordagens.

Eu não vou até a informação. A informação vem até mim. Eu nunca tive acesso a tantas notícias e nuances.



Agora... e uma criança de 5 anos? Estaria ela preparada para assistir notícias detalhadas sobre a morte da menina Isabela? Estaria ele preparado para ser crítico com os arquétipos femininos falidos da novela? Estaria ele pronto para QUALQUER senso crítico com a exposição à tantas propagandas anexadas a seu desenho? O que qualquer uma dessas coisas acrescentará a vida dele a essa altura?

Seria mais ou menos assim: como meu filho vai ter que trabalhar a vida toda, com 5 anos eu já vou colocá-lo para carpinar o dia todo, para aprender o valor do dinheiro. Certo? Não, errado. Não podemos forçar um aprendizado para o qual a criança não tem maturidade para compreender. E se perguntam 'onde as crianças vêem tanta violência, deve ser colegas de escola, filhos de drogados'. E deixa lá, a TV ligada nas 'notícias', na novela clichê com seu mito romântico, com suas violências descaradas. E ofertamos isso a pequenas crianças como se elas conseguissem já diferenciar os valores e não simplesmente assimilar.

Em poucos anos, é líquido e claro que meu filho quererá ingressar em alguma rede social - e terei que pensar nas regras de segurança. Mas não tenho a menor expectativa que jornais massificados para toda uma população de hoje ajudariam o desenvolvimento do senso crítico dele. Com a alfabetização e internetização, meu filho assidualmente receberá as notícias das tragédias das fontes na web. E também aprenderá a ver que uma notícia tem vários lados.

Ver desenhos, animações, joguinhos, tudo isso meu filho tem. E mais: ele decide o que quer e quando quer. Gabriel já é exposto à propagandas de todos os lados, a tv só pioraria.

O que não assistir o jornal nacional ou o vale a pena ver de novo tem a ver com alienação? Por que precocemente infiltrar informações que a criança ainda não consegue assimilar numa infância tão precoce? Pra mim, TV que é alienante.

O amor ao leite de vaca

Tem muita gente que não consegue conceber que exista uma dieta saudável sem leite de vaca. Acho interessante essa 'cultura do leite', onde a sacralidade do leite é quase mística - será que na Índia o leite é assim também? Bebês mamíferos necessitam de leite de sua mãe. Óbvio, não? E daonde surgiu a idéia de que o leite de vaca é primordial para humanos?

Não que eu ache que o leite deve ser banido. Eu gosto de leite, mas sei que aumenta bastante o muco - logo, evitar tomar quando se está resfriado é uma idéia boa. Várias pessoas devem ter alergia por aí (rinites, sinusites, constipação tem melhorado em várias pessoas que se abstiveram de leite). Muitos povos viveram muito tempo sem leite de outra espécie.

Abram suas mentes. Nada de chiliques porque a criança não quis tomar leite.
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Colunistas do Guia do Bebê

Agora o guia do bebê conta com duas colunistas MARAVILHOSAS! Acompanhem:
Por  Melânia Amorim , temos já Parto na água e Parto em casa.

Por Andréia Mortensen, temos A natureza do sono do bebê. Não percam essas duas de vista, vale a leitura completa.

Alergia à proteína do leite de vaca

Quando lidamos com muitas lactantes, acabamos nos habituando a ver os pequenos (e grandes) problemas que se encontram no caminho da amamentação. A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma.
http://maenatural.blogspot.com/2010/05/hoje-e-o-dia-da-prevencao-alergia.html
http://www.alergiaaoleitedevaca.com.br/

Existe muita confusão da APLV com intolerância à lactose. A real intolerância à lactose é raríssimo em bebês (pense, mamíferos intolerantes não sobreviveram muito bem). Porém, muito diferente é a questão da alimentação com leite de vaca: essa coisa de 'tomar leite' de outro bicho vida afora é super recente em nossa história. Não me admira que uma boa quantidade dos bebês (uns 5%) apresentem alergia em algum grau.

O mais intrigante dessa história é que as proteínas do leite de vaca consumido pela mãe 'passam' de algum modo para o leite humano. O 'tratamento' se resume a excluir da dieta do bebê (e da mãe) todos os alimentos com leite e derivados (inclusive os com 'traços' de leite). É um trabalho interessante, e peculiar é perceber que praticamente todos os industrializados possuem alguma quantidade de leite.

Existem vários relatos maravilhosos de mamíferas que amamentaram seus bebês/toddlers alérgicos até o desmame natural, sem nenhum tipo de outro leite:
GVA
Meu filho é alérgico a leite

O que acontece de fato que é (infelizmente), muito antes do diagnóstico ser elaborado, o bebê já não mama no peito a algum tempo - e, é claro, introduzir leite artificial baseado em leite de vaca não exatamente ajudou. Repetindo: tirar o bebê do aleitamento materno por que ele tem alergia à vacas é bizarro - a não ser que ele fosse um bezerro.

Os leites artificiais para alérgicos mais conhecidos são 'pregomin' e 'neocate'. São latas bastante caras (joga no google que vocês já percebem). Bebês que tenham esse tipo de problema de saúde e cujas famílias não puderem prover seu custeio podem pedir ajuda do governo. Segundo Ana Flavia Lacchia (obrigada pela pauta, viu rs), a ONG Sempre Vita pode ajudar nas informações desses procedimentos e legislação.
http://www.gruposemprevita.org.br/legislacao.html
Porém, os casos que tenho acompanhado levam perto de um mês para ser finalizado. Há também vários relatos de 'atrasos', o que é claro pode ser complicado para bebês muito novos (que de fato precisam de leite todos os dias, e várias vezes). Por sinal, dê uma olhada aqui nesta campanha para ajudar este bebezinho.

O melhor leite para bebês humanos é o leite humano - inclusive para humaninhos com APLV. Aliás, a mãe deveria no mínimo ter o direito de receber o dinheiro que não gastou em latas de leite e aplicar em benefício próprio! Já pensou quanto isso rende?



PS - No site da ONG, podemos encontrar várias informações. Repasso esse protocolo, do estado de São Paulo.
http://www.saude.sp.gov.br/resources/geral/acoes_da_sessp/assistencia_farmaceutica/protocolo_leites.pdf
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Filho dá trabalho - ou o que não te contaram antes

J., obrigada pelo tema ;)

- Esqueça esse troço de dormir horas e horas no domingo. Seu toddler eventualmente poderá dormir a noite toda (i.e., umas 8 horas seguidas), mas pode ser que ainda acorde de noite. Mesmo depois disso, às 6 da manhã devem estar de pé, independente da hora que acordam.

- Crianças tem necessidades. Não conseguem ficar numa cadeira por mais que minutos, não comem novidades, tem sono e precisam ser acalmadas. Seria ridículo querer que seu filho durma cedo no dia que você quer namorar e durma tarde no dia que há um casamento.

- Esqueça sair sem hora para voltar sem culpas. Você tem alguém que precisa de você, com o qual vc se preocupa. Mãe perde o direito de ficar doente, de morrer e de ficar incomunicável. Esqueça 2ª, 3ª ou 4ª lua-de-mel em Paris pelos próximos ANOS. Vai deixar seu filho aos cuidados de terceiros para passear por vários dias, longe de você?

- Esqueça ter uma refeição no restaurante de sua escolha sem pressa. Acho que até já esqueci como é esse lance de comer sem pressa de acabar. Sim, seu toddler provavelmente vai precisar comer sozinho, independente de sua boa coordenação para não sujar o chão na descoberta.

- É, vão CHOVER palpites idiotas. Aliás, grávida e mãe fresca é para-raio de palpite. 

- Mães de bebês: esqueçam essa coisa de 'rotina' ou 'casa arrumada'. Seu bebê é simplesmente mais importante que louça. Esqueça trabalho, estudo, seu filho irá necessitar de full time de sua atenção. É o mínimo que ele precisa. Arrume um sling e seja feliz. 

- Mães de toddlers: esqueçam essa coisa de 'limites' ou 'controle'. Sim, seu filho é humano e tem vontade própria. Quer criar um adulto inovador e questionar ou um banana?

- Filho é muito muito mais importante que a carreira. Se seu filho ficar doente, você faltará ao trabalho, e não interessa muito o que seu chefe acha ou deixa de achar. Muitas mães vão optar acertadamente em ficar em casa até seu toddler ter amadurecido um tanto mais, e já estar mais comunicativo. Seu filho se tornará a coisa mais importante do mundo, e sem muito esforço. 

Filho é a melhor coisa do mundo. Tira vários egoísmos, simplifica os problemas (você não tem tempo para eles), separa só o que importante e bom. Nunca mais briguei com amigos, ou me envolvi em grupos esquisitos, ou gastei meu tempo saindo só para fazer social. Aprendi a felicidade de todo dia ter algo novo e diferente para notar, nunca há tédio ou monotonia. Nos faz pensar no poder da vida, da morte, e todas as pequenas descobertas e felicidades da vida. Fale a pena em todas as instâncias.

Mas, se você não está disposta a jogar fora sua vida anterior, sua rotina anterior, compra uma samambaia. Filho requer uma disponibilidade total. Claro que haverá alguma individualidade, mas só sua essência será mantida.

Mais alguma? ;)
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Limites? Só em cálculo.

Uma frase que me dá troço é 'tem que dar limites para as crianças'.
Acho tosco e simplista. Não acho que crianças precisem de maiores 'limites' que os adultos ao redor.
A expressão certa é 'regras de convivência'.

Maria Rafart, que é psicologa, sempre fala da 'teorias dos conjuntos' dos relacionamentos: temos cada um o seu 'conjunto' de individualidades. Conforme a relação com o par se firma, cada vez mais a intersecção (conjugalidade) cresce. Essa intersecção tem que ser dimensionada numa precisão cirúrgica: não pode englobar mais de um lado do que de outro, tem que ser confortável para ambos, e não pode ser TOTAL. Isto é, os dois lados manterão um tanto de sua individualidade e terão também pontos para 'ceder'.

Com filho, a relação é a mesma coisa. Conforme o filho vai se desenvolvendo, as regras podem ser mudadas e adaptadas conforme o nível de maturidade (de ambos). Algumas coisas tornam-se intoleráveis com o passar dos anos, e os acordos podem ser retificados.

Adultos não estão ali para moldar a personalidade da criança, nem para lhe quebrar o espírito. Convidamos uma nova pessoa para morar conosco, é fato que ela tem direitos tais como você - ela é sua convidada especial, e não uma inconveniência a despachar ou destruir. Explicamos passo-a-passo as regras sociais, numa repetição meio torta.

Todos aqui em casa temos 'limites' bem claros de convivência: ninguém pode se machucar, machucar os outros ou quebrar objetos alheios. Só se pode gritar no próprio quarto, e ninguém deve gritar com os outros.
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Fugi!

Faz tempo que não apareço por aqui, né?

Poderia alegar falta de tempo; é mentira, era falta de assunto e de paciência. Perdoam? ;)
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