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Xiita

Ler muitos relatos de parto tem sua fraqueza: a gente fica cada vez mais exigente.
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O clero de jaleco

Como nada se cria tudo se copia, o título não é idéia minha; foi retirado do livro do Ric Jones, 'Memórias do Homem de Vidro'.

Sim, porque agora vejo claramente o quão medicalizado é a cultura brasileira, e nunca percebi antes. Como a palavra do médico nunca é questionada; como a revolução da informação pouco mexeu na nossa estrutura 'hierárquica'.

Os médicos podem se dar ao luxo de nunca se atualizarem e ainda serem vistos como autoridades máximas nos cuidados da gestante e criança. Palavra de médico é lei, mesmo que contrarie o bom senso, a sociedade brasileira de pediatria, a organização mundial de saúde, a unicef e o raio.

Como é que as pessoas não reparam que apenas porque o médico é legal/divertido, ele não possui a capacidade de conhecer em 20 minutos uma criança que os pais convivem dia-a-dia? Sem bola de cristal, claro.

As pessoas não lêem a bula?

Não é questão de se automedicar, a medicina estuda grandes patologias e etc; ninguém melhor que ele para ter melhor direcionamento das atitudes. Agora, questões comportamentais, nutricionais, emocionais, de sono, de amamentação, mil desculpas, mas eles não servem pra isso. Alguns se esforçaram e estudaram por fora, mas são minoria e é um 'plus a mais adicional': não estava na descrição do serviço.

Eu respeito médicos que se colocam em seus lugares: prestadores de serviços. Devem se atualizar; não são deuses, são pessoas que merecem o descanso dos justos. Não são responsáveis.

As crianças crescem bem com, sem ou apesar dos pediatras. E como li da Dr. Carla na GOBE, a medicina é a ciência das verdades temporárias. É uma questão de respeito se atualizar.
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Pensamentos soltos

No fim de uma sexta, uma coleção de pensamentos sem nenhuma relação (não couberam nos 140 caracteres do twitter...):

* Toda vez que chega um anúncio de nascimento pelo e-mail da empresa, já vejo clarinho: cesárea. Certeza!
* Ainda não consigo acreditar que Michael Jackson morreu. Gente, ele na melhor das hipóteses foi pra casa do Elvis. Daqui uns anos vou contar que 'no meu tempo' tinha um cara que mudou de cor....
* Mudou-se uma slinguista para meu prédio \o/ Fato é que não sou mais a 'maluca que carrega o filho nuns panos', a quantidade de malucos por m² está aumentando
* Estou me perguntando como é que minha gata teve a capacidade de manter minha diarista de refém. Estou assustada =O
* Teve gestaCuritiba ontem e eu não pude ir =/


Viu, eu tenho Twitter. Não falo nada de útil lá, mas lá sou moderada (ou finjo ao menos).
http://twitter.com/CintiaDR

Televisão

Já falei isso a várias pessoas, mas ainda causa muito espanto: sim, não há TVs na minha casa. Não é figura de linguagem não, deixa eu repetir - na minha casa, não há nenhuma televisão.

Não é nada religioso, nem nenhuma filosofia alternativa; a razão é bem simples: nosso 'algoritmo' de seleção de itens para compra simplesmente ainda não retornou uma TV. Aliás, a prioridade é baixa o suficiente para eu afirmar que pelos próximos dois anos provavelmente não teremos uma. E além disso eu teria que pelo menos ter TV a cabo, o que seria um gasto a mais. Nem é pelo preço, porque as analógicas estão em conta mas a pergunta é: para que TV?

* Para notícias - o google news/igoogle é muito melhor, afinal todos os jornais da TV são massificados pelas notícias da Reuters. Fora que tenho a meu alcance blogs específicos que mostram coisas que eu tenho muito mais interesse. Aliás, na comunidade 'anão vestido de palhaço mata 8' eu posso sim dar muitas risadas e saber as bizarrices do dia. No 'Blue Bus', notícias de publicidade. No 'SlashDot', 'Geek', 'Br-linux', notícias de informática. Nas listas de discussões e comunidades de gestantes/mamães, notícias sobre crianças. Ainda participo de uma ou outra newsletter e twitter o que me dá notícias de todos os tipos e seus comentários. Fora as notícias de cultura da BBC Brasil.
* Para entender as piadas do charges - precisa? Sempre tem alguém pra explicar, nem que seja o ego.com
* Para ver seriados, filmes, etc - Precisa de uma TV mesmo? Cinema, locadora, teatro, youtube/internet fazem as vezes e melhor: escolho o que e quando assistir. Pelos meus colegas de trabalho e fontes acima sempre surgem sugestões de coisas a assistir.
* De passatempo: na internet eu tenho voz e muito mais opções.

Nem sempre foi assim, estou nessa a quase um ano e meio. Meu primogênito não sentiu falta, não, aliás na internet ele pode ter escolher exatamente o que quer assistir a que horas assistir - uma autonomia sem igual. Fora uma coleção de joguinhos em flash. Na casa dos avós ele assiste Discovery Kids sim, pede sempre; mas levou um tempo para que ele entendesse que não temos controle da programação.

Pior de tudo, sei de tudo o que anda rolando na globo: BBB, Dalits, JN, Fantástico... Sempre rola no orkut discussões sobre as cenas das novelas, sobre as reportagens, etc. Fora isso, ouvimos no ônibus sempre sobre quem saiu do BBB, quem casou com quem; passamos na banca de jornal, no mercado pipocam revistas de 'fofoca' das 'celebridades'.

Quando a gente não tem, percebe o impacto inacreditável dela na cultura brasileira; não importa o que o SBP diz, o que a OMS recomenda, os resultados de variados artigos científicos e revisões sistemáticas: o povo só acredita que uma coisa é verdade quando passa na Globo .Foi assim com o sling na Ana Maria Braga, as técnicas do Dr. Karp no Fantástico, e mil outras coisas. Falta o parto domiciliar, a hora que a Globo abraçar de verdade, vai bombar. A hora que as novelas mostrarem de verdade parto e amamentação, o Brasil vai ser outro.

Sim, já me falaram que toda casa brasileira tem TV, então acho que minha casa fica fora do Brasil, então hehe Agora pode falar a piadinha besta - sim, arranjei filho porque não tenho TV. Se sua TV atrapalha sua vida sexual, ou vc esta achando que está com pouco tempo, jogue fora a sua também.

#prontofalei

4 anos

Sim, hoje exatamente meu primogênito completa 4 anos.
Aniversários deles me lembram até o cheiro dos partos. Será que o tempo irá apagar ou apenas modificar?

Cruzar o rio é mágico.

Depois de recolher a 'pequena' quantidade de brinquedos novos que foi devidamente espalhada por todo o meu tapete, não imagino o que faria da minha vida além de ter filhos. Nada melhor nessa vida, nada mais emocionante e completo.

P.S. - Meninas, obrigadas pelos elogios ao brógui!
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Amor materno e a quem amamos

Estive essa madrugada pensando sobre o amor materno (sim, lembrem-se que eu tenho um bebê em casa...). Não tenho dúvidas que amo meus filhos, mas pensando retroativamente, quando é que comecei a amá-los?

Podemos amar alguém que não conhecemos? Por definição, se o amor é construído dia-a-dia. Como é que podemos amar um feto que nunca olhamos nos olhos, fizemos carinho, não sabemos como gosta de ser abraçado, se gosta de dormir...

Cheguei à conclusão que amamos uma barriga. Sim, é uma barriga com vida - que chuta, amamos com intensidade os planos de futuro. Sonhamos com a perspectiva de amar alguém que virá de longe, e que aprenderemos a amar. Amamos a possibilidade de gerar vida, de ser dois-em-um, de sermos o portal do milagre da vida.

Vem o parto, e muitas de nós temos a chance de nos apaixonarmos pelo bebê. Mas não dá pra esperar muito mais que isso, porque é radicalmente diferente de amar uma barriga. Muitas vezes, madrugada afora, é apenas o senso de responsabilidade e nossa solidariedade que nos impele a consolar o bebê choroso.

E com o passar dos dias, meses, aquele bichinho-de-peito começa a interagir, e o amor vai florescendo. Mas todo o primeiro ano, vc ainda ama alguém que vc não conhece muito bem.

O primeiro aniversário é meio avassalador, de repente seu bebê é um toddler. Alguém que pouco fala, mas que tem sentimentos confusos e os expressa da melhor maneira que consegue. Amar um toddler é fácil, mas é um relacionamento conturbado, de comunicação restrita. Até perto dos 2 anos, seu filho parece uma obra em auto-construção, demolindo nossos conceitos sobre nós mesmos, aprendendo o quanto imaturos podemos ser.

E aí sim, podemos dizer que os conhecemos, e nos conhecemos melhor. E os amamos, amamos pelo que eles foram, pelo que nós nos tornamos, os amamos por toda a experiência.

Sim, nós sobrevivemos. E crescemos mais do que eles.
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Fim dos tempos /o\

Algumas coisas sempre me surpreendem.
Fiquei sabendo que no Fantástico apareceu sobre a 'síndrome da alienação parental' e no Jornal Nacional sobre a campanha da Pastoral para diminuição da 'Síndrome de Morte Súbita no Berço' - colocando os bebês para dormir de barriga para cima (seguindo a rabeira dos países desenvolvidos).

Tudo bem que levou mais de dois anos de que vejo isso no orkut! Mas é TV aberta, né?
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Choro

Tem dia que eu realmente entendo porque muitas pessoas deixam o bebê chorando sozinho. O imediatismo do choro, a nossa visível impotência em consolar o bebê tira totalmente nossas estruturas.

Mas fácil culpar o bebê por existir do que encarar que não podemos ajudar o serzinho tão dependente de nós.

Vou transcrever um trecho do livro "Bésame Mucho - Como Criar os Seus Filhos Com Amor", do Dr. Carlos González (obrigada, Flávia Mandic!).

Por que chora quando a mãe sai do quarto ?

O imediatismo é uma das características do pranto infantil que surpreende e aborrece algumas pessoas. 'Basta deixá-lo no berço que começa a chorar como se estivessem matando-o'.

Para alguns especialistas em educação, esta constitui uma característica desagradável do caráter infantil e o objetivo é vencer seu "egoísimo" e "teimosia", ensinar-lhe a atrasar a satisfação dos seus desejos. Por que razão não tem um pouco mais de paciência, por que não pode esperar um pouco mais ?

Esse grito tardio já não teria qualquer utilidade para a sua sobrevivência, contribuindo, pelo contrário, para acelerar o seu fim. Porque agora, os gritos de angústia de uma cria abandonada seriam música para os ouvidos das hienas.

Além disso, se refletirmos um pouco, veremos que esse comportamento que nos parece "lógico" e "racional" perante a separação da pessoa amada, esperar um pouco e aborrecer-se gradualmente, apenas é adotado pelos adultos quando esperam confiantemente o regresso da pessoa ausente. Imagine que a sua filha de 15 anos está na escola. Durante o horário escolar, você não sente qualquer preocupação relativamente a essa separação, porque sabe perfeitamente onde ela se encontra e quando vai regressar (o seu filho de 2 anos saberá onde você se encontra e quando você volta ? Mesmo que lhe expliquem, não consegue compreender). Se passarem 30 minutos da hora em que deveria chegar em casa, certamente você começará a sentir os primeiros temores ("o ônibus atrasou", "deve estar conversando com os amigos"). Se se atrasar mais do que 1 hora, começará a aborrecer-se ("estes filhos, parece mentira, são uns irresponsáveis, pelo menos podia ter telefonado, foi para isso que lhe comprei o celular"). Se ela se atrasar 2 ou 3 horas, você começará a telefonar para as amigas, para ver se ela está na casa de alguma. Se 5 horas depois ainda não tiver aparecido, você estará chorando, ligando para os hospitais, porque pensa que foi atropelada. Depois de 12 horas, chorará cada vez mais, irá à polícia, onde lhe vão explicar que muitos adolescentes fogem de casa por qualquer motivo, mas quase todos voltam dentro de 3 dias. Durante 3 dias, você vai agarrar-se a essa esperança, mas cada vez chorará mais e, ao fim de 1 semana, será a imagem viva do desespero.

Mas imagine agora que tem uma grande discussão com a sua filha de 15 anos, na qual se proferem censuras e insultos graves e, por fim, ela mete alguma roupa velha numa mochila e grita "odeio você ! Odeio, estou farta desta família, vou embora para sempre, não quero ver você nunca mais"e vai-se embora, batendo a porta. Quantas horas espera alegre e despreocupadamente antes de começar a chorar ? Não começará a chorar ainda antes que ela saia de casa, não a seguirá pela escada, não correrá atrás dela pela rua, não tentará agarrá-la sem temer dar espetáculo na frente dos vizinhos, não se porá de joelhos à frente dela e suplicará, não se deterá apenas quando a exaustão a impedir de continuar a correr ? Parece-lhe que comportar deste modo possa ser "infantil" ou "egoísta" da sua parte ? Acha que ouviria os vizinhos dizerem "olha que mãe mais mal-educada, nem há 5 minutos que a filha foi embora e já está chorando como uma histérica. Certamente faz isso para chamar a atenção" ?

Sim, é fácil ser paciente, quando se está convencido de que a pessoa amada vai regressar. Mas não se mostrará tão paciente quando tiver dúvidas a esse respeito. E quando tiver certeza absoluta de que a pessoa amada não pensa em voltar, não será absolutamente nada paciente desde o início.

Não precisa esperar 15 anos para viver uma cena como a descrita. A sua filha já se comporta assim agora, quando você vai embora. Porque ainda é muito pequena
para saber se você vai regressar ou não, ou quando vai regressar, ou se vai estar perto ou longe. E, por acaso, o seu comportamento automático, instintivo, aquele que herdou dos seus antepassados ao longo de milhares de anos, será começar a pensar sempre no pior. Cada vez que se separa de você , a sua filha irá chorar como se a separação fosse para sempre. (E o que dizer das mães que pretendem "tranqüilizar" os filhos com frases do estilo "se não se comportar, a mamãe vai embora" ou "se não se comportar, não gosto de você" ?).

Dentro de 3, 4, 5 anos, à medida em que vá compreendendo que a mãe vai voltar, a sua filha poderá esperar cada vez mais tranqüila e durante mais tempo. Mas não será por ser "menos egoísta" nem "mais compreensiva", e muito menos porque você, seguindo os conselhos de qualquer livro, ensinou-lhe a adiar a satisfação dos seus caprichos.

Os recém-nascidos necessitam do contato físico. Provou-se experimentalmente que, durante a primeira hora depois do parto, os bebês que estão no berço choram 10 vezes mais do que aqueles que estão nos braços da mãe.

Ao fim de alguns meses, é provável que se conformem com o contato visual. O seu filho ficará contente, pelo menos durante algum tempo, se puder ver a mãe e se ela sorrir-lhe ou falar com ele de vez em quando. Há 100.000 anos, as crianças de meses provavelmente nunca se separavam da mãe, porque isso significava ficarem no chão nus. Atualmente, estão bem protegidos num local macio, e, mesmo que o instinto lhe continue a dizer que estarão melhor no colo, são tão compreensivos e têm tanta vontade de fazerem-nos felizes que a maioria se resigna a passar alguns minutos na cadeirinha. Mas, assim que você desaparecer do seu campo visual, o seu filho começará a chorar como "se estivessem matando-no". Quantas vezes se ouviu uma mãe dizer esta frase ! Porque efetivamente a maorte foi, durante milhares de anos, o destino dos bebês cujo pranto não obtinha resposta.

É claro que o ambiente onde criamos nossos filhos é atulamente muito diferente daqeule em que evoluiu a nossa espécie. Quando você deixa seu filho no berço, sabe que ele não vai passar frio ou calor, que o teto o protege da chuva e as paredes, do vento, que não será devorado por animais selvagens; sabe que estará apenas a alguns metros, no quarto ao lado, que acudirá prontamente ao menor problema. Mas seu filho não sabe disso. Não pode sabê-lo. Reage exatamente como teria reagido um bebê do Paleolítico. O seu pranto não responde a um perigo real, mas a uma situação, a separação, que durante milênios significou invariavelmente perigo.

À medida em que vai crescendo, seu filho irá aprendendo em que caso a separação comporta um perigo real e em que caso não tem importância. Poderá ficar tranqüilamente em casa enquanto você vai às compras, mas começará a chorar se estiver perdido no supermercado e pensar que você voltou para casa sem ele...

O pranto de nada serviria se a mãe não estivesse também geneticamente preparada para lhe responder. O pranto de uma criança é um dos sons que provoca uma reação mais intensa num adulto humano. A mãe, o pai e mesmo os desconhecidos sentem-se comovidos, preocupados e angustiados; sentem um desejo imediato de fazer algo para que o choro pare. Amamentá-lo, passear com ele, trocar a fralda, pegá-lo no colo, vesti-lo, despi-lo; qualquer coisa, desde que se cale. Se o pranto for especialmente intenso e contínuo, recorre-se ao pronto socorro ( e muitas vezes com bons motivos).

Quando nos é impossível calar um pranto, a nossa própria impotência pode converter-se em irritação. É o que acontece, quando se ouve chorar noutro andar: as convenções sociais impedem-nos de intervir e, por isso, a situação é particularmente aborrecida para nós ("Mas o que estão pensando aqueles pais ?" "Não fazem nada ?, "Aquele menino é um malcriado, os nossos nunca choraram assim !"). Muitos vizinhos criticam pelas costas ou repreendem as mães cujos filhos choram "demais" e alguns chegam até a bater na porta para protestar. Várias mães já me disseram: "O médico disse que o deixasse chorar porque chora sem razão; mas não posso fazer isso porque os vizinhos reclamam." Com a mesma intensidade sonora, uma criança que chora num edifício incomoda-nos mais do que um trabalhador que martela um som de heavy metal.

Quando as normas absurdas de alguns especialistas impedem os pais de responder ao choro da forma mais eficaz (pegando o bebê no colo, tocando-lhe, cantando, amamentando-o...), que outra saída nos resta ? Pode deixá-lo chorar e tentar ver TV, cozinhar, ler um livro ou conversar com o seu companheiro, enquanto ouve o pranto agudo, contínuo, dilacerante do seu próprio filho, um prato que atravessa as paredes e pode prolongar-se por 5, 10, 30, 90 minutos ? E quando começa a fazer ruídos angustiantes como se estivesse vomitando ou sufocando ? E quando deixa de chorar tão de repente que, em vez de ser um alívio, imagina a criança parando de respirar, ficando branca e depois azulada ? Estarão os pais autorizados a correr para o lado do filho ou isso seria considerado como "recompensá-lo pela choradeira" e até disso estão proibidos ?

A outra opção é tentar acalmá-lo, mas sem pegar no colo, embalar ou amamentar. E porque não também com uma mão amarrada nas costas, para tornar a tarefa ainda mais difícil ? Ou ligar ou rádio, rezar ou oferecer-lhe dinheiro ?

Um especialista, o Dr. Estivill, propõe que lhe digamos o seguinte (a uma distância superior a um metro, de modo que os pais não toquem na criança): "Meu amor, mamãe e papai te amam muito e estão ensinando você a dormir. Dorme aqui com seu boneco... Até amanhã"

Palavras de consolo e de amor verdadeiro que certamente acalmariam qualquer criança, seja qual for a causa do seu pranto, a partir de 6 meses ! Ainda que talvez nem mesmo o autor destas palavras acredite muito na sua eficácia tranqüilizadora, pois adverte os pais que, uma vez pronunciadas, devem ir-se embora, mesmo que a criança continue a chorar e a gritar (a mal agradecida).

Em muitos países os maus tratos são um problema. Dezenas de crianças morrem todos os anos nas mãos dos próprios pais e muitas sofrem hematomas, fraturas, queimaduras... A pobreza, o álcool e outras drogas, o desemprego e a marginalidade contam-se entre as causas dos maus tratos. Mas também é necessário um catalisador. Por que bateram na criança hoje e não ontem ? O pranto é um catalisador freqüente. "Chorava sem parar e não consegui suportar mais". O que podem fazer os pais quando tudo o que serve para acalmar as crianças (peito, colo, canções, agrados) está proibido ?
Poderíamos compreender que, 15 minutos depois de a mãe partir, começassem a ficar um pouco inquietos; que meia hora depois começassem a choramingar e que duas horas mais tarde chorasse com todas as suas forças. Isso pareceria lógico e razoável. É isso que nós, adultos, fazemos, assim como as crianças mais velhas, depois de termos "ensinado" a ser pacientes, não é verdade ? Mas, em vez disso, os nossos filhos pequenos começam a chorar com toda a força enquanto se separam da mãe; choram ainda com mais força (o que parecia ser impossível !) cinco minutos depois e apenas deixam de chorar quando ficam exaustos. Não parece lógico !


Mas é lógico. Começar a chorar imediatamente é o comportamento "lógico", o comportamento de adaptação, o comportamento que a seleção natural favoreceu durante milhões de anos, porque facilita a sobrevivência do indivíduo. Numa tribo, há 100.000 anos, se um bebê separado da mãe chorasse imediatamente a plenos pulmões, a mãe provavelmente iria buscá-lo de imediato. Porque essa mãe não tinha cultura nem religião, nem conhecia os conceitos de "bem", "caridade", "dever" ou justiça"; não cuidava do filho por pensar que essa era a sua obrigação ou porque temia a prisão ou o inferno. Muito simplesmente, o choro do filho desencadeava nela um impulso forte, irresistível, de acudi-lo e confortá-lo. Mas se um bebê se mantivesse calado durante 15 minutos e depois chorasse baixinho e apenas chorasse a plenos pulmões em 2 horas, a mãe poderia estar longe demais para ouvir.

Fonte
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Cesarian Art

Eu achei essas figuras belíssimas, mas extremamente tristes. Não entre se vc tiver uma cesárea recente, ou se estiver grávida.
Cesarian Art

Por pedido de uma amiga de orkut, vou **tentar** fazer umas traduções dos textos (legendas), começando de cima para baixo, da direita para a esquerda.

*the deed is done - o ato foi feito
*it's raining - está chovendo
*hung up to dry - pendure para secar
*extended water contact will make your fresh incision ooze - grandes contatos com água fará com que sua recente incisão vazar
*the birth of ppd - o nascimento da depressão pós-parto
*smile, "you have a healthy baby!" - sorria, "vc tem um bebê saudável"
*memory - lembrança
*post partum - pós-parto
*(texto na figura) the uterus was then exteriorized and cleared and all clot and debris - o útero foi então exteriorizado e limpo de todos os coágulos e detritos
*uterus is being exteriorized - útero sendo exteriorizado
*(texto na figura) Cut Club - Paris/London/Torrance - Clube do Corte - Paris/Londres/Torrance(EUA)
*OB claims I am irritating my scar - obstetra alega que estou irritando minha cicatriz
*my first shower - meu primeiro banho
*(texto na figura)I just pinched/Your stomach/Really hard/She got strapped/Down during her/First Cesarean - eu apenas peguei seu estômago fortemente, ela foi amarrada em sua primeira cesárea.
*the anesthesiologist had a pair of small lensed glasses. Anesthesia shooting through my body rapidly. OB's statement on the left, anesthesiologist's on the right- o anestesista tem um par de pequenos óculos de grau. A anestesia atingiu meu corpo rapidamente. A declaração do obstetra está a esquerda, e do anestesista à direita.
*smell and smoke of own cauterized flesh - cheiro de fumaça de minha própria carne cauterizada.
*it's MY baby but I got to see and hold it LAST - é o MEU bebê, mas eu tenho que ser a ÚLTIMO a vê-lo e pegá-lo.
*spinal anesthesia - anestesia epidural
*Earn your baby./"You go to your room and see your baby as soon as you can move your legs."/ It took five and a half hours to "earn my baby". fuck that. I had my babe with me after 45 min. /the first time around. - Receba seu bebê. /"Vá para seu quarto ver seu bebê tão logo consiga mexer suas pernas"./Levou 5 horas e meia para "receber meu bebê". Saco. Consegui pegá-lo depois de 45 esperando. Pela primeira vez.
*a picture about the meaningless smalltalk that was held in the operation room-wether or not the yellow tape around the trees near the hospital mean that they will be cut down or not. - uma figura a respeito do bate-papo no centro cirúrgico - se as fitas amarelas ao redor das árvores perto do hospital significavam se elas seraim ou não cortadas.
*Goodbye old me - adeus velha eu
*(texto na figura) Recipe "Pfannenstiel Own" - Receita de cesárea: segue toda uma descrição meio mórbida.
*OB's favourite recipe. - receita favorita de meu obstetra
*paradox: "The mother of all cesareans"/ armed with scalpel, Bovie and anesthesia -paradoxo: "a mãe de todas as cesáreas" / armada com bisturi, cauterizador(?) e anestesia
a dream I had a few weeks before the cesarean - um sonho que eu tive algumas semanas antes da cesárea.
*aftershocks of spinal block. Freezing coldness. - tremores do bloqueio epidural. Frio congelante.
*a colouring page for your children!/cesareans save you the trouble of explaining how babies are coming out from "down there".(end sarcasm) - uma figura de colorir para as crianças! / cesáreas te livram de explicar como bebês saem "por lá" .(fim do sarcasmo)
*(texto na figura) Dr. A was here - Doutor A esteve aqui
*OB's legacy - legado do obstetra
*All alone in the recovery room. separated for hours from baby. - Totalmente sozinha na sala de recuperação. Separada do bebê por horas.
*Time erases everything? I still remember all details months, years later. OB never even remembered my name correctly a single time during pregnancy. - O tempo apaga tudo? Ainda me lembro de todos os meses em detalhes, anos depois. Meu obstetra sequer lembrou meu nome corretamente uma única vez durante a gravidez.
*(texto na figura) HellNo. Women are not resealable babycontainers. - Pelo amor de deus, mulheres não são receptáculos de bebês abre-e-fecha.
*Resealable for up to three times. Not leak proof. - Lacrável por até três vezes. Não é a prova de vazamentos.
*"until the fascia was nicked in the midline" (from the op report) - "até a fascia foi cortada em sua linha média" (do prontuário)
*WWFD? (What would Frida do) Cut first, refer pesky patient to therapist later. - OQFF? (O que Frida faria?) Corte primeiro, recomendar terapia ao paciente chato depois.
*Repeat c-section:Cut, sew repeat. Cut, sew, repeat. Cut, sew repeat... - Cesárea de repetição: corte e costure novamente, corte e costure novamente, corte e costure novamente...
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Sobre os terrible twos

p/ C.C.
Copiado de uma postagem minha no Orkut.

Dica de ouro: treine sua cara de alface pra quando rolar um surto básico em público. Sabe como é, a gente cospe pra cima quando não tem filho...
Lembre sempre do mantra "ela só tem dois anos, não vou perder a paciência por uma criança tão pequena" e "eu sei que não é nada pessoal, por acaso sou a mãe e é papel dos filhos". Não dá pra construir nada sem destruir antes, né?
Fato é que é difícil aceitar que nossos filhos tem sim personalidade própria, vontades e pensamentos. Filhos não são ferinhas a serem domadas, e sim pessoas de entendimento diferenciado.
Aliás já cheguei à conclusão que falar "criar os filhos" está errada. Eu não crio meus filhos: eles se criam sozinhos. Com, sem ou apesar dos pais, os filhos crescem. Sim, alguns pais mais atrapalham que ajudam, mas as crianças crescem de qualquer jeito.
Filhos são. Eles se geram no útero, eles mamam; comem, falam, andam, se recuperam de tombos. A personalidade deles refletem um bom tanto o meio (ao qual nós pais pertencemos vividamente) com os anos, mas apenas isso. Independente do que eu penso, eles crescem a olhos vistos.
Acho que os filhos que criam os pais, isso sim. Qual esforço faço eu para "criá-los"? Se eu deixasse de fazer, eles não cresceriam mais?

As crianças usam-se de linguagem corporal para se expressar. Nada mais natural que usar o corpo (gritos, empurrar, puxar cabelo, bater) para demonstrar desapontamento: até nós adultos de vez em quando temos que fazer isso.
Não tente achar motivos assim: seu "pequeno homem das cavernas" é uma pessoa que tem sentimentos e não sabe explicá-los de outras formas, além de não conseguir dimensionar o tamanho das consequencias.
Meu argumento FINAL por esses anos é simples: ninguém bate em vc, vc não pode bater em ninguém. É errado bater, machuca. Tem que relembrar 149182417419 vezes, mas acho um grande argumento.
Os mantras são as únicas coisas que eu conseguia lembrar nessas ocasiões.
"Eu sou adulta, madura, centrada. Ele só tem dois anos, não consegue me tirar do sério com gritos. Ele só tem dois anos, ele só tem dois anos, ele só tem dois anos.... "
Muitas vezes eu saio de perto, impossível me manter calma. Não era tão centrada e tranquila quanto imaginava que era.

Amor, paixão e etc

Para M.S.S.

Por algumas dessas razões tortuosas da natureza, as pessoas me pedem conselhos amorosos com alguma frequência. É, deve ser uma razão tortuosa, decerto minha cara de confiança e minha destreza em pensar logicamente ajudem - mas não determina.

Então, voltando ao ponto de partida, é, sou um ponto distribuidor de conselhos. Como eu falo pelos cotovelos, me agrada a situação; além de pensar que é interessante imaginar que fiz alguma diferença (o que não bate com a verdade, que o conselho só é ouvido se a pessoa já queria tal coisa e só precisava reorganizar). Sim, porque se conselho fosse bom era vendido (fato 1: tem muita gente palpiteira profissional e ganha a vida disso, mas não sou uma delas).

E aqui vai: o amor é mal visto. Ninguém mais sabe o que ele é, como identificá-lo. Pior, confundem amor com paixão. =O Isto é, parte-se do pressuposto que porque vc se apaixonou-à-primeira-vista por um joselito qualquer, ele será o amor da sua vida e viverão-felizes-para-sempre. Os filmes, livros, novelas & cia fazem um puta desserviço à nação.

Amor é construído, pedra sobre pedra. Paixão é um tsunami, uma onda que te arrasta: amor tá mais pra uma amizade++ do que uma paixão.Sabe a música "Amor e Sexo" da Rita Lee? Troque 'sexo' por 'paixão', bem explicativo e didático do que eu acredito =P.

Fato 2: as pessoas romantizam demais. Para que tanto empenho em pensar no futuro? Todo casamento começa do namoro, todo namoro começa do interesse e/ou paquera, rolos, etc. As coisas caminham naturalmente para frente quando as pessoas também estão caminhando para frente. Se as pessoas andam em direções opostas, well, melhor separar.

'E se não der certo?' Faz diferença mesmo? Se der certo, vc tem um 'amor' ao final do processo; se der 'errado', vc viveu um período delicioso da tua vida. Amor é construção, e vai crescendo o tempo todo. Paixão pode servir de impulso inicial para a edificação, ou não. A própria vida nos impele a continuar, não precisamos colocar o carro na frente dos bois; e mesmo que coloquemos, a trajetória não vai ser mais feliz ou mais rápida, pelo contrário. Só se desilude quem se ilude, logo o meu segredo é trivial: viver apenas o momento.

Não existe paixão depois do casamento? Sim, vc pode se apaixonar por seu conjuge novamente e aqui o meu segredo: e eventualmente por outros também. Questão é saber administrar, não trocar uma enorme e forte torre por um ventaval.

Devo ser louca demais, mas tudo é tremendamente simples para mim. Paixões vem e vão, desejos; amor é fortaleza. Aos que vivem de vendavais, respeito, mas para mim a felicidade está em terra firme. A felicidade dos pequenos momentos é o mundo.
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Quem sou

Levei um tempo digerindo que eu sou daquelas pessoas que falam pelos cotovelos: é, eu quero ser mesmo ouvida, eu falo muito, pelos quatro cantos do mundo.
Já li que 90% do conteúdo da internet é feito por 10% dos internautas, então devo ser um desses compulsivos dos 10%. Aff.

Esse é um blog mamífero. É sobre parto, sobre filhos, da incapacidade de algumas pessoas de crescerem. E foda-se. Lê quem quer, eu vou mesmo falar.
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