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Maternidade e feminismo

Já falei disso aqui e aqui.

Uma das coisas MAIS feministas que já fiz na minha vida foi virar mãe.
A gravidez, o parto e amamentação, toda a maternagem em si, me trouxeram uma visão que nunca imaginei. Todo o processo é intrinsecamente feminino, é o poder feminino, é a força de nós mesmas. Temos que nos redescobrir, descobrir uma força que nem sabíamos.

Precisamos lutar contra uma machismo absurdo de que somos defeituosas e não somos capazes de conceber ou gestar e parir, o machismo de que 'pariremos em dores', o machismo de que não conseguiremos amamentar, o machismo de que somos obrigadas a voltar a trabalhar imediatamente para servir AOS homens. O sistema médico de obstetra/hospital/pediatra decidindo tudo na vida do bebê tira toda e qualquer autonomia da mãe (e do pai). É um sistema em que mães inseguras são alimentadas por médicos e dotôres, para as decisões mais estúpidas e variadas.

O processo de aceitar seu corpo como perfeito, de aceitar que somos TÃO capazes quanto o corpo masculino, que temos todo o direito de nos deliciarmos com o bebê pequeno, que podemos amar imensamente é de um feminismo enorme.

Para mim, não amamentar para 'não cair os peitos', ou não ficar sendo 'parasitada', dar mamadeira pra ficar 'livre', deixar chorando pra 'acostumar' ou não quer ter parto normal para não 'sofrer' é tudo pensamento machista e/ou egoísta: porque o corpo feminino é defeituoso é precisa de ajuda da medicina ou da indústria de leites pra sermos 'iguais' aos homens.  Ser mãe é uma responsabilidade biológica maior que ser pai (na primeira infância), e isso não tem o que fazer.

O único motivo mais plausível é: não querer cuidar de crianças (dã!). Não dá pra ser mãe ou pai pela metade.
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Letra cursiva - obsoleta??

Saiu hoje uma determinação no estado de Indiana (Estados Unidos) que as escolas públicas não são mais obrigadas a ensinar letra cursiva, e focar na proficiência em digitação. Tem uma porrada de links no google, mas tudo em inglês.

Choquei na hora. Fiquei assim: mas hein, como é que vão tirar LETRA CURSIVA? Como uma criança vai crescer SEM SABER LETRA CURSIVA, só usando letra de forma???? Que absurdo.

Aí fui ler certinho as críticas. Muita gente reclamando que as crianças iam ter assinaturas mais 'parecidas' entre si e mais 'falsificáveis'. Ok, passaremos anos a fio obrigando as crianças a aprender novas letras para que as assinaturas (coisa obsoleta e que logo vai sair de moda) delas sejam um pouco mais diferentes. Não, argumento inválido.

Outras pessoas falando que a leitura de documentos históricos manuscritos ficará prejudicada. Pelamor, né, inválido.

Mais uma falando que as crianças não vão conseguir ler letras manuscritas de outros. Será? Hummmmm, pera pera, não é porque eu não escrevo em letra de forma minúscula que não reconheço letras neste formato.

Lembrei que a maior parte de meus colegas escreve em letra de forma, quase tão rápido quanto eu em letra cursiva. Letra cursiva é linda, tem personalidade própria, mas juro, gente, não consegui achar NENHUMA RAZÃO pela qual uma criança precise aprendê-la. É skill obsoleta!

Agora, aparentemente pesquisas indicam que escrever à mão é muito importante para crianças, melhorando raciocínio cerebral e etc. Mas veja: não foi uma diferenciação entre letra de forma e letra cursiva (ambas escritas).

E aí, o que vocês acham? Eu adoraria poderia ser nostálgica e dizer que letra cursiva é totalmente necessária, mas sinceramente, não tenho NENHUM argumento para defender.
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Complicada e perfeitinha - O parto dos humanos

Há algum tempo escrevi uma série de posts sobre a teoria da evolução na nossa vida de mãe (primeira parte, segunda parte, terceira parte). E volto agora, inspirada por um artigo que li ontem mesmo.

Em algum lugar já li (desculpa, não lembro quem) que desde que nos levantamos (nos tornamos bípedes, com quadris mais estreitos e 'tortos' para o parto) e comemos o fruto do conhecimento (ficamos cabeçudos), temos problemas de parto.

O parto é o evento mais humano possível. Somos complicados, e perfeitos em cada uma de nossas imperfeições. Nada mais emblemático do que a necessidade de presença da parteira, para 'aparar menino' - mostra o quão humano é o evento, socialmente e culturalmente. Todos os detalhes, cada um dos itens mínimos da anatomia fazem toda a diferença para toda essa obra da natureza que se tornou nosso parto. O parto é um dos belíssimos exemplos de como a evolução vai ajeitando aresta por aresta, tornando de impossível ao dia-a-dia.

Falem o que quiser, mas analisando toda a história da gestação, parto, amamentação, é claro para mim que o peso da evolução humana foi carregado majoritariamente pelas mulheres. Eu me sinto honrada de ser uma descendente delas, as poderosas.

Com o parto mais complicado de todos os primatas, a gente merecia é muito mais respeito. A gente é foda. E tenho dito.
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