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Cesárea não é parto II

Saiu no blog das mamíferas, e replicado: Cesárea não é parto
Causou maior bafafá, dizer que uma mãe não pariu é uma ofensa sem tamanho...

Voltando no tempo, fato curioso. Assim que me descobri grávida (yes, não acreditei nas duas linhazinhas, fui doar uns ml de sangue pro laboratório) novamente, marquei consulta com o obstetra. Chegando lá (yes 2, eu ESQUECI DE LEVAR o tal exame), surpresa inicial:

(Eu) - Poxa, eu fiz exame de gravidez e esqueci de trazer
(Ele) - Deduzo eu que foi positivo pra vc estar aqui

Hehehehe Segundo round, idade, peso, (estimativa chutada da) data da última menstruação, histórico obstétrico:

(Ele) - Filhos anteriores?
(Eu) - Sim, tem 3 anos e meio.
(Ele) - Foi cesárea ou parto?

Levei uns 3 segundos digerindo...
(Eu) - Parto...

Pareceu óbvio, mas singular. Parto vem de parir. Parir, uma ação, um verbo fantástico, irregular. Trabalho de parto, culmina com o parto. O trabalho do corpo da mãe para expulsar o feto do útero. 'Foi um parto comprar': isto é, demorou muito, cansativo, deu trabalho.

Um TP leva usualmente horas de contrações, que servem para dilatar o colo do útero: um processo involuntário, cheio de nuances emocionais e fisiológicas, mágicas. Depois disso, as contrações servirão para empurrar o bebê para fora - e é claro, instintivamente sente-se vontade de empurrar, ajudando o trajeto. Ao final do processo somos humanas, mulheres - um pós-orgasmo, uma plenitude. Nuas, cansadas, descabeladas ou qualquer adjetivo que encontramos pelo meio do trabalho de parto não faz mais sentido, é tudo.

Acho óbvia a diferença entre o corpo naturalmente empurrar a criança para seu primeiro sopro de vida ou nos anestesiarem, cortarem nossa barriga, retirarem na força bruta e nos costurarem depois. Existe uma diferença básica de protagonismo, de quem executou a ação.

Cesárea não é parto. É cirurgia. Feito por médicos.
Parto não é cirurgia.

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