Uma coisa que as pessoas não falam é que o trabalho de parto nos coloca em um estado de consciência alterado. Sim, os hormônios literalmente nos embriagam, as ondas das contrações nos colocam em contato com nosso eu mais simples: a mulher, a fêmea mamífera em vias de parir.
Nossa sensibilidade muda, nossos sentimentos transbordam, nossa racionalidade foi pra china junto com com o colo do útero. Os sentimentos nos inundam, transmitem, afetam. Somos um vendaval de mil tornados, e picos de dor. Sim, as dores te colocam ali, foram elas que lhe levaram até lá.
Perdemos a vergonha ou a ganhamos; perdemos a capacidade de articular frases coesas, ganhamos a capacidade de parir - simples assim, para deusas que somos.
A partolândia é sagrada. Os profissionais e acompanhantes do parto devem reaprender a olhar o milagre da vida, vida que se alimenta de vida. Respeitar o ritual de passagem da vida. Apoiar um momento tão delicado emocionalmente de uma mãe a-se-tornar. Ali é o nosso ritual de passagem, onde revivemos a vida. A explosão de cores não é simples, nascer não é fácil; mas nascer mãe é mais difícil ainda. A mãe nasce, o recém-nascido é nascido.
Dessa embriaguez, só nos recuperamos uns quatro dias depois, a paixão platônica pelo bichinho no nosso colo é herança.
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