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O fim da licença maternidade

Nunca admiti que tratassem a minha licença maternidade como 'férias': a ÚLTIMA coisa que conseguimos é descansar. Eu, por exemplo, emagreci muito porque não tinha tempo de comer: preferia dormir.

Cuidar de um bebê é extremamente cansativo, dá trabalho pra pai, mãe full time e ainda não basta. Lembrem-se, o recém-nascido que dorme 23 horas por dia e só acorda para mamar é sempre o filho do vizinho. Um bebê suga muito mais que leite, suga toda a atenção de todos à sua volta. Um bebê não vive de enxoval, vive de colo, peito, carinho e atenção 24 horas por dia.

Então, ao final de longos meses em que percebemos o quão necessária essa atenção maciça, temos que voltar a trabalhar. É uma decisão difícil; por um lado, vemos que sim, o bebê precisa de nós por perto. Porém, sabemos que além de trabalhar fora ser menos cansativo emocionalmente falando, muitas de nós não suportam a vida em casa. E existe o fator econômico, algumas mulheres juntam bem mais de 50% do rendimento familiar.

Algumas mulheres podem (financeiramente) e conseguem (psicologicamente) ficar em casa por uns 2~3 anos. Do ponto do desenvolvimento da criança, é sim o que a criança precisa. Não existe babá, avó ou escolinha que dê a segurança que um pai ou mãe pode oferecer. E não tem dessa de 'cada caso é um caso', é regra - e no máximo tem exceções.

Mas nem todas as mulheres conseguem ficar em casa: eu, por exemplo, enlouqueceria. Infelizmente, meus filhos terão que lidar com meus defeitos, e esse é tranquilamente um deles. Mas ainda acho que parar de trabalhar por um pequeno intervalo é sim a decisão certa a se fazer. Se for possível, óbvio.

Essas mulheres são muitas vezes desprezadas, com frases como 'jogou fora anos de estudo', 'acabou com a carreira' e outros termos extremamente pejorativos. Como se a maternidade e os filhos não fossem o projeto mais importante de uma vida. Como se os 3 anos passados cuidando dos filhos fosse um passatempo, uma perda de tempo fútil. A maternidade e a paternidade perderam seu valor perto do mercado. Um absurdo, um absurdo gigante.

Solidarizo muito com as mulheres e homens que valorizam seus filhos. Cuidar de crianças é cansativo, muito mais que trabalhar fora.

Para as que não poderão fazer isso, resta escolher o menor pior; preparar o coração e aceitar que o bebê ainda nos requisitará nos intervalos que estivermos em casa. Compreender que o bebê está passando por um percurso antinatural, e poderá apresentar sintomas.

Fazemos o nosso melhor; mesmo que não seja o melhor é o nosso. O bebê aceitará outras pessoas, mas sentirá sim nossa falta. O mínimo que devemos fazer é sermos solidários, e os amar como podemos.

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