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Vacinas

Falemos sobre vacinas; estou ensaiando esse post aqui porque sei que o assunto é polêmico, mas acho que é uma boa hora. Os grupos 'anti-vacinas' são muito mal vistos, e queria explicar a visão de dentro para fora. Antes de pensar se você deve decidir isso, leia meu texto sobre responsabilidade de nossas decisões.

Eu sou uma eterna otimista. Algumas pessoas acreditam que o governo fornece as vacinas porque é bonzinho, outras que o objetivo é mais sádico. Eu vejo as coisas de um viés mais matemático: o governo dá vacinas para as doenças que matam muito ou em que é mais barato aplicar vacinas do que tratar. Veja, se eu pago A por ano tratando doença X, e gastaria B (onde B < A) aplicando vacinas a todos, prefiro aplicar vacinas. Duh.

Entendo também que o calendário é feito de acordo com o que seria melhor a nível país, grupo completo - é sempre preferível salvar 19 e perder 1 do que o contrário. No caso de todo um país, as reações que uma vacina trás são ínfimas perto do benefício.

Opa, reações? Como bem já diz o ditado, não há almoço grátis nessa vida. Maioria das pessoas nessa vida desconhece completamente que vacinas são mecanismos que podem sim trazer reações - elas vem inclusive com bula. Algumas reações conhecidas óbvias variam de inchaço no local, febre, dor para outras mais raras e específicas - algumas inclusive podem 'causar' a doença a qual estão tentando imunizar.

Mas é incoerente acreditar que se é melhor para o grupo como um todo é o melhor para mim, um caso particular. Exemplificando, peguemos a hepatite B: ela é transmitida das mesmas maneiras que a AIDS (contato sexual, de mãe para filho, transmissão de sangue). Eu tenho certeza ABSOLUTA que nunca tive hepatite B (certeza essa o que não se pode ter de uma boa porcentagem da população). Meu filho não fará sexo pelos próximos anos e, mesmo que precise de transfusão de sangue, este já foi testado.

Ok, a pergunta é: e porque não dar a vacina com horas de nascido já 'para prevenir'? Respondo com outra pergunta: você acredita que inserir vírus e bacterias, 'hiperativisar' o sistema imunológico cru do bebê é inócuo? Acho um pouco fora do que o nosso corpo evolutivamente se desenvolveu. Posso dizer que rinites, bronquites e outras 'ites são uma reação alérgica exagerada - pode ser comida, pode ser poluição, claro que pode. Mas ainda não acredito que inserir indiscrimadamente qualquer vacina em tão tenra idade não tenha nenhum efeito além dos sintomas 'visíveis'.

Ah, então não se deve dar vacinas? Não, absolutamente não acredito nisso, aliás, pouquíssimas pessoas chegam nesse extremo. A maioria prefere fazer um calendário alternativo, atrasando algumas vacinas para mais tarde, separando algumas vacinas de outras, incluindo alguma do calendário particular, e algumas não ofertando. Não é uma decisão trivial, requer estudo da doença, incidência na região onde se mora, forma de contágio, forma de prevenção, tratamentos, se vai a berçário, se tem contato com outras crianças. Não é rápido nem simples - é estatística. Mesmo que não se queira dispor de todo esse tempo de pesquisa - conversas com o pediatra inclusive, se ele aceita - e seguir o padrão, é importante ter em mente que não é apenas uma 'picada'.

O que queremos é uma crítica a essa cultura tão arraigada que vacinas são maravilhosas, que só trazem coisas boas, que crianças vacinadas são imunes a tudo, que adoecem menos, que devem ser vacinadas o mais cedo possível, da mesma maneira.

Não é questão de voltar no tempo, é questão de não endeusar uma tecnologia. E claro, você pode bem acreditar - como a maior parte dos médicos (pediatras inclusive) - que não há nenhuma reação a longo prazo de vacina nenhuma e aplicar vacina até para cocô verde no berçário.

Tenho poucos textos, poucos livros para indicar. Volto futuramente e recomendá-los.

5 comentários:

Carol disse...

Oiii, queria pedir a sua permissão pra enviar seu post e blog pra um grupo do yahoo q faço parte, o Invitare.

Esses dias mesmo estavamos falando sobre vacinas num encontro que tivemos...

bjinhus

Cintia disse...

Carol, não conheço o grupo.

Mas desde que vc acredite que não causará 'polêmica' (aquele tipo de pessoa que nem ouve), repasse a vontade ;)

Discussões são sempre bem vindas.

Carolina Pombo disse...

Ártemis, td bem? Bom, não sou uma radical, mas gostei deste texto. Sou da Saúde Pública, e sei o qto a vacinação é importante para um país. Quanto mais tipos de vacinas, bem testadas e desenvolvidas, tivermos, melhor. Mas, entendo e me interesso pela idéia de um calendário "adapatado" como vc sugere. Se nossos médicos fossem mais bem preparados para integrar conhecimento clínico com epidemiológico, e praticassem uma "clínica ampliada" isso seria mais viável. Vc sabe de algum estudo que discuta essa questão?
Abçs!

Cintia disse...

Carolina

Esse seu ponto de 'quanto mais vacinas tivermos, melhor' que discordo. Não creio que é bem assim, eu acho que tudo tem um risco e benefício. Mas já saiu até na Superinteressante, e não dá muito ibope. E existem coisas que seriam realmente muito complicadas de estudar, como por exemplo o sistema imunológico de crianças vacinadas com meses ou anos: tem toda a carga socio-cultural influenciando.

Publiquei o texto de uma amiga minha:
Um calendário alternativo

Eu já cheguei a procurar alguns artigos,mas os que defendem qualquer atitude contrária a seguir exatamente o que governo determina são muito mal vistos.

Como eu disse, não posso acreditar que vacinas não causem nenhum efeito na nossa vida a longo prazo. Apenas acho que não devemos ignorar, mas não se apavorar.

Cintia disse...

Ah. Esqueci, claro.

Além do calendário básico, tem as vacinas do particular. Para quem tem condições, pelo menos essa a pessoa tem que decidir.

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