Os médicos, maior parte das especialidades, estão acostumados a lidar com doenças - por sinal, das mais simples às mais bizarras. Agora, embora eles possam ter experiência em toda a sorte de coisas esquisitas eles ainda só conseguirão dar o diagnóstico pelas palavras, sintomas e sensações expressadas pelos pacientes.
Se eu chegar e falar:
- Doutor, meu filho não come. Não come nada, arroz, feijão, carne. Eu tenho que bater nessa criança, ele vive de vento!
O médico pediatra pode até tentar retirar mais informações, como quando eu tento ofertar, em que quantidade, etc. Mas eu ainda insisto, digo que já tentei de tudo, que nem na escola ele come. Um médico não tem o lide, o tempo, a estrutura para dar o apoio psicológico - não é o objetivo dele. Tudo que ele pode fazer é acreditar, pois se ele não 'tratar' a doença, será taxado de incompetente.
Nas primeiras contrações de BH, muitas gestantes se desesperam. Se elas falam que estão com contrações, que está em TP prematuro o que o médico poderá fazer? Ele tem que acreditar, ou poderia ser processado por negligência. Nem que seja com placebo.
Se uma gestante fala que nunca conseguiria passar por um parto, como o médico poderia demonstrar o contrário? Como o médico poderia no tempo da consulta ainda cuidar do emocional?
Nos casos de obstetras e pediatras, deve-se portar com CO-RESPONSABILIDADE. Os médicos a mãe/pai devem saber que seu filho a priori é saudável, que variações são esperadas. O resultado bom ou mal de saúde não depende apenas do médico, e sim também dos pais. Há de se ter discernimento, pois o pediatra/obstetra não tem o objetivo de cultivar o emocional.
É fato que a maneira de cuidar de um bebê está totalmente fora de escopo da operação de um pediatra. Mais fato ainda que os grupos de mães é que devem fazer este papel. Os bancos de leite, consultoras de amamentação aprendem as nuances psicológicas da amamentação, que estão muito longe da alçada do pediatra.
Para tanto, é necessário realmente buscar o apoio de casais grávidos, GAPPs, doulas, LLLs, bancos de leites, grupos de mães, etc. É aí que poderemos ter dicas de sonecas, cuidados básicos de bebês, informações de todas as maneiras sobre amamentação e o que é normal na gestação. Todos os medos, dicas e macetes, desabafos, histórias, relatos - e daí que retiraremos nosso próprio meio de agir.
Muitas vezes os médicos são marcados como referência para toda e qualquer informação, e assim incubidos de substituir as decisões dos próprios pais. E fazem isso porque é assim esperado deles, e não porque gostariam ou se prepararam para tal. A doula faz um papel totalmente distinto do papel do médico, está ali apenas para lidar com o suporte emocional. Médicos não são deuses. E estão ali para avaliar a saúde, e não para serem amiguinhos. Mas não possuem bola de cristal, nem mãos milagrosas de cura. Crianças se curam com, sem ou apesar dos médicos.
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