(1) a gravidíssima, semanas finais descobre que seu médico que a acompanha desde a menarca é mega cesarista. Sem opções, sem doula (porque não economizou para isso) desespera-se.
(2) a gravidíssima toca uma cesárea no meio das idéias por alguma desculpa tosca e torpe.
Para começo de conversa, leiam este e esse artigos. Maioria das gestantes, no início da gestação, preferem o PN, sabem das vantagens. No fim da gestação, mais algumas já foram apavoradas o suficiente para pedirem uma cesárea. E pior, mesmo as que ainda preferiam o parto normal, recebem uma cesárea.
Observou-se que, embora 70% das entrevistadas não relatassem preferência inicial pela cesariana, 90% apresentaram esse tipo de parto. Verificou-se que, independente do desejo inicial da gestante, a interação com o serviço de saúde resultou na cesariana como via final de parto.
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O predomínio de algumas razões referidas pelas mulheres para a realização da cesariana, como presença de circular de cordão, relato de bebê grande, história de cesárea prévia, em detrimento de intercorrências clínicas ou obstétricas reais, tais como a hipertensão e a diabetes, revela o alargamento das indicações de cesarianas adotadas pelos obstetras.
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O terceiro momento de mudança ocorreu durante a internação para o parto, quando a opção ou concordância de 70% das mulheres pelo parto operatório resultou numa proporção de parto cesáreo de 90%. Dois fatores merecem destaque nesse momento. O primeiro é o excesso de cesarianas eletivas e a baixíssima proporção de mulheres que entram em trabalho de parto, seja de forma espontânea ou induzida.
Dá para ter uma idéia do que é isso? Ou as mulheres são ludibriadas a receberem suas cirurgias, ou então tascam-lhe guela abaixo mesmo.
Mas não dá para simplesmente acusar o médico. Muitos acreditam que a cesárea é o melhor, mais seguro e mais rentável, então induz a mulher a isso. Alguns definem que se paga pouco, que não podem perder consultório, que não podem sair a noite por causa da violência, que não querem responder processo se acontecer o fatídico 0,0001%.... Há uma relação de paternalismo com os médicos, em que eles são os detentores máximos do saber, e nos 'salvarão', seja lá do que. Eles querem corresponder a essas expectativas, simplesmente médicos são humanos. Tem família, cultura e querem ser importantes.
Se vc, aí do outro lado do computador, com 5 semanas, não perguntou na sala de espera qual a porcentagem de cesárea do seu médica, ou então coisas como 'ah, o parto a gente vê depois', é simples, querida. Estatísticamente, vc vai ganhar uma cesárea. Estatísticamente, desnecessária.
Não adianta chorar as pitangas, tá aqui um bem humorado questionário. Frases como 'ah, mas vc é pequena' ou 'caramba, vai ser um bebê enoooooooorme', ou 'ah, mas depois de fazer PN tem que fazer perineoplastia', corre. Léguas.
O desejo de ter uma cesárea é respeitado - o de ter um parto normal, não. Eu vou repetir: 90% de cesáreas na rede privada não é piada. A quantidade de falsas indicações de cirurgias também não. Não interessa se seu médico te conhece desde as fraldas, se ele não acredita que parir é melhor, ele não te deixará parir - na tentativa de te proteger, muitas vezes.
1 comentários:
Incrivel como este foi exatamente meu caso... passei por quatro medicos a procura de uma parto normal e acabei na mesa de cirurgia com 38 semanas sem a menor necessidade... na primeira consulta o fdp me prometeu q eu teria meu PN... com 37 semanas qdo ele vei com a perola "nao deixo minhas pacientes passarem de 38 semnas, é arriscado, bla bla bla, eu nao tinha mais forças e acho q nem coragem pra procurar outro... até hj tenho a sensação de ter sido interrompida...
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