Estive essa madrugada pensando sobre o amor materno (sim, lembrem-se que eu tenho um bebê em casa...). Não tenho dúvidas que amo meus filhos, mas pensando retroativamente, quando é que comecei a amá-los?
Podemos amar alguém que não conhecemos? Por definição, se o amor é construído dia-a-dia. Como é que podemos amar um feto que nunca olhamos nos olhos, fizemos carinho, não sabemos como gosta de ser abraçado, se gosta de dormir...
Cheguei à conclusão que amamos uma barriga. Sim, é uma barriga com vida - que chuta, amamos com intensidade os planos de futuro. Sonhamos com a perspectiva de amar alguém que virá de longe, e que aprenderemos a amar. Amamos a possibilidade de gerar vida, de ser dois-em-um, de sermos o portal do milagre da vida.
Vem o parto, e muitas de nós temos a chance de nos apaixonarmos pelo bebê. Mas não dá pra esperar muito mais que isso, porque é radicalmente diferente de amar uma barriga. Muitas vezes, madrugada afora, é apenas o senso de responsabilidade e nossa solidariedade que nos impele a consolar o bebê choroso.
E com o passar dos dias, meses, aquele bichinho-de-peito começa a interagir, e o amor vai florescendo. Mas todo o primeiro ano, vc ainda ama alguém que vc não conhece muito bem.
O primeiro aniversário é meio avassalador, de repente seu bebê é um toddler. Alguém que pouco fala, mas que tem sentimentos confusos e os expressa da melhor maneira que consegue. Amar um toddler é fácil, mas é um relacionamento conturbado, de comunicação restrita. Até perto dos 2 anos, seu filho parece uma obra em auto-construção, demolindo nossos conceitos sobre nós mesmos, aprendendo o quanto imaturos podemos ser.
E aí sim, podemos dizer que os conhecemos, e nos conhecemos melhor. E os amamos, amamos pelo que eles foram, pelo que nós nos tornamos, os amamos por toda a experiência.
Sim, nós sobrevivemos. E crescemos mais do que eles.
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