Algumas pessoas não gostam da alegoria, mas eu amo: uma mãe nasce. Sim, a maternidade TAMBÉM é uma construção cultural, também é influenciado pelos que os parentes acham, o que os velhinhos palpitam e o que os outros esperam de você. Mas mesmo assim, o processo de nascer mãe, é tão grande, tão importante, tão arrebatador, que é um parto. E num não-parto, o mãe nasce de outro jeito.
Não tenho nem dúvidas que a maior dificuldade na maternagem do primogênito foi me impôr. Sim, mãe fresca deve ser uma espécie de desastre ambulante, que requer que toda a sociedade a encha de palpites sem-noção não solicitados a fim que o bebê sobreviva. Vá entender.
Eu peitei muita gente. Ignorei, deixei entrar por um ouvido e sair por outro, fingir que iria seguir aquilo, ou dizer que o 'obstetra/pediatra/benzedeira/figura divina' disse que era errado, revidei. Fiz de tudo um pouco, na medida de intimidade, sem-noçãozisse ou insistência do interlocutor.
Temos que ser poderosas, aprender que 'diz-que' 'diz-que' dizem muita besteira. Tem que ter confiança no seu taco, e ter grupos de apoios para mães-doidas-quer-tem-parto e mães-malucas-que-amamentam podem ajudar. Sim, enfrentar desaforos, confiar que tudo está certo mesmo quando as pessoas tentam desesperadamente te convencer que você e seu filho são doentes, e você uma incapaz.
Não tem mãe que te ensine a 'cuidar de bebê': cada bebê é tão único, que dicas podem te dar mais tentativas, e só. Se você não decidir, não se impor, não será você que cuidará de seu filho, e sim ilustres desconhecidos e parentes: na melhor das intenções, diga-se de passagem. Mas não será você.
No parto, passamos de filha a mãe, é o ápice da gravidez. Com todas as responsabilidades, decisões, coragem e medo. Se enfrentar de verdade, sem ninguém que possa resolver por você. Nem médico, nem mãe, nem marido. O filho foi gestado por você, seu útero, sua vagina, seu corpo e mente lhe pertencem. E você será a fortaleza de alguém.
Parabéns a todas que nascem. Não é fácil nem indolor, mas profundamente perfeito.
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