Quem tem medo de febre?

Tenho dois filhos, um com 4 anos e um com 1 ano. Sabe quantas vezes eu já fui no pronto socorro de madrugada? Nenhuma. Sabe quantas vezes eu já liguei pra celular de pediatra desde que nasceram? Nenhuma. Tá, verdade seja dita nunca achei uma faca enfiada no braço deles ou um osso rachado. Mas eles já ficaram doentinhos várias vezes. E no que acredito para não sair correndo de madrugada?

Regra número 1: tudo parece pior de madrugada. Se seu filho não parece que vai morrer de noite (tipo, está com uma fratura exposta), leve de manhã. Se for febre, não vai piorar tanto até de manhã! Provavelmente melhorará. Entre pronto atendimento e pediatra de rotina, eu prefiro pronto atendimento, nem que seja só para pegar o diagnóstico.

Regra número 2: crianças ficam doentes. É uma realidade saudável, e você tem que aprender a conviver com isso. Doençinha, doenção, resfriado, virose. É só uma questão de acreditar que seu filho tem sim capacidade de lidar maravilhosamente com isso. Ah, nariz escorrendo e tosse não é doença. É nariz escorrendo e tosse. E um ou outro cocô mole deve ser o chocolate ou o mamão - e mesmo se não for, não faz a menor diferença.

Regra número 3: Febre não é terrível, é sinal que o corpo da criança é valente e está combatendo. A criança FAZ febre, e se for pra ter convulsão vai ter até com 37,5º.
Crianças fazem febres rapidamente. E fortes. Meu caçulinha chega a 39º facin facin.
Com o tempo, você pega o ritmo mas, como regra geral, eu uso como ponto de corte três dias com febre moderada (até 38º) ou um dia com febre alta (39º ou mais) - ou uma febre muito diferente do que o seu filho costuma apresentar. Claro, isso para uma febre sem grandes sintomas juntos (além da falta de apetite, cansaço, rotina de dormir, nariz congestionado, etc). Existem também as febres que aparecem e desaparecem misteriosamente, um sarro.
Pediatra conhecida fala que 85% das febres infantis são viroses que não requerem nenhum tratamento adicional. Deve bater com o que vejo em casa.
Algumas pessoas preferem não usar antitérmico, deixar a febre fazer o seu papel sem interferência - o que eu acho correto. Eu, particularmente, dou analgésico/antitérmico quando a criança parece muito amuada ou cansada, no mesmo esquema que faço para mim.

Regra número 4: Hospital e pronto socorro tem todo o tipo de vírus e bactérias. Só vale a pena levar se REALMENTE parecer uma doença não ordinária, que requer tratamento. É esperado culturalmente sair com uma receita de remédios mesmo quando não há necessidade, e todo exame (inclusive clínico) tem seu custo emocional.


Com o tempo, você vai pegando o ritmo da criança. Sabe o que é 'normal', o que é fora do comum. Sabe que tipo de sintomas são indicativos, e isso não existe pediatra na face da Terra que conseguiria adivinhar.

Lembrem-se, pediatra também é gente: precisamos dar uma quantidade boa de sintomas para que ele possa fechar o diagnóstico corretamente. E sim, a avaliação não depende só da competência do pediatra, depende muito mais da qualidade de informação que pudermos passar.

1 comentários:

Alini Ploszaj disse...

Olá! Realmente mãe de primeira viagem fica insegura com várias situações que podem até ser corriqueiras. O bom é que lendo seus textos, você passa mais tranquilidade para quem lê.
Beijos.

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