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Independência desde o berço?

Escrevi numa comunidade que participo, e acho pertinente colocar aqui.


O que define 'independência' de uma criança? O que é esperado? E porque esse é uma coisa importante para nós adultos?


Já tentei escrever essa mensagem várias vezes, mas nunca consegui expressar o que quero.Não acho que a palavra 'dependência' seja razoável. Eu NÃO acredito que seja um valor, que seja sequer DESEJÁVEL na infância.
Vou colocar aqui por partes cada uma das facetas da dita independência.


"Independência Física" - Contato físico ou visual
O humaninho fica lá, semanas a fio sendo apenas um ser com sua mãe. Alguém já conheceu um adolescente que prefere dormir com a mãe, que reclame do fim de semana sem os pais em casa??? É natural do desenvolvimento que a tal 'independência' física (e relativa). Um bebê quer colo de seus pais; um adolescente quer o namorado, amigos e etc. O toque e o tato é sempre uma parte importante da vida de qualquer humano. Querer negar isso é bobeira, mas apressar também não faz sentido.

Algumas crianças sentem menos a falta de seus cuidadores do que outras. É fato que é mais fácil para os adultos quando eles podem se ausentar mais facilmente, mas... é apenas e tão-somente uma característica da criança.

Pode também ser apenas uma falta de segurança, ela não ter se sentido plenamente atendida e por isso desconfia. Mas pode não ser. Não é porque amamenta, slinga, dá colo que a criança se sentirá mais segura que outras, mas acredito que será mais segura do que se não fosse. É até uma questão lógica: eu não fico ligando o dia todo para meu marido porque confio que ele voltará a noite, são e salvo, e não me deu motivos para pensar ao contrário.


Resumindo, é natural que larguemos nossos pais. Talvez dando segurança nossos filhos possam desenvolver isso um pouco antes.



"Independência Emocional"
Não tem relação nenhuma com a anterior. Uma criança pode precisar de contato visual constante com sua mãe e ter grande autonomia nas decisões.

Todos nós temos o nosso patrimônio afetivo - que nos afeta diretamente. O que nossa mãe, pai, marido, amigos pensam sobre nós, e até o grupo como um todo, FAZ sim diferença sobre como nos enxergamos.
E aqui, é natural também que o foco passe do núcleo familiar para os amigos/namorados/professores. Cabe a nós, os pais, darmos exemplos de maturidade emocional (saber demonstrar sentimentos com palavras ao invés de violência) e não usar de chantagem emocional para darmos este espaço que a criança necessita para crescer.

E tem a autoestima, a autonomia - que pra mim andam lado a lado. A capacidade de tomar decisões, de se sentir importante dentro da família, de se sentir com opiniões valorizadas. Para mim, esse é o nosso foco sendo pais, a parte mais difícil.

Mas não chamos de 'independência'. Quero filhos que pensem por si próprios, saibam de suas emoções, mas nunca ajam sem levar em consideração os outros.

Todos precisamos de algum nível de aprovação.


"Independência Financeira"
Acho que não precisa de explicação, né?

Conclusão
De qualquer maneira, as independências são distintas, cada uma tem sua fase do desenvolvimento e não tem assim uma relação direta. A minha pergunta é: por que a independência física dos pais é tão cobrada das crianças? A emocional não é muito mais importante?



Eu prefiro desenvolver as decisões e senso crítico do que ficar com medo da dependência física. Porque é óbvio que uma hora ela sumirá. 
Muitas vezes me perguntam onde é que meus filhos dormem. Minha resposta é: eles que decidem. Eles dormem onde querem, ou no máximo pra onde eu os levo depois que adormecem (se eu conseguir levantar...). Simplesmente não vejo razão para limitar o acesso dele à minha cama. 

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