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Crianças que crescem (!)

Gente, a constatação beira o absurdo, mas é verdade. As crianças crescem.

Gabriel nasceu assim, um bebê que não dormia. E nasci eu mãe, já com pezinho fora da matrix, já sem medo de confiar no meu taco. Foi um bebê que relutava, relutava, relutava a dormir. Eu me neguei permanentemente a deixá-lo chorar, mas foram meses complicados. Provavelmente por conta da falta das sonecas, ele não mamava o suficiente e por recomendação da pediatra - que afinal era o único recurso mais perto de minimamente acreditar em mim - introduzimos uns copos de LA com mucilon por dia.

Era um bebê que não negava comida. Qualquer coisa ia pra dentro, sem diferenciação. Provavelmente minha inexperiência com greves de mamá fez com que eu acreditasse que a amamentação tinha chegado ao fim muito precocemente, até porque o LA era dado em copo e não mamadeira.
Levou praticamente 12 meses para ter dentes. Andou antes de ter dentes - o que não impedia nem de comer milho. Sempre fui uma mãe preguiçosa, larguei as papinhas pouco antes dos 9 meses. Com 12 meses, a crise da separação pegou pesado, e qualquer desconhecido que lhe dirigisse a palavra era sumariamente bombardeado com berros.

Eu me formei quando Gabriel tinha 2 anos; na festa de formatura, podíamos ouvir ele falando: 'mamãe? papai?'. Nesta idade, e até mais de 5 anos, ainda gostava do cochilinho da tarde. Mas inevitavelmente acordava a noite até uns 4 anos, mas ensinamos a não chorar e ir direto para minha cama.

Gabriel aos 2 anos era o ogrinho padrão. Gostava de bater, bagunçar, se jogava eventualmente no chão, birras, etc. Destemido, adorava brincadeiras 'perigosas'. Nesses últimos 4 anos, a personalidade dele toda aflorou. Com 3 anos, ele já ficou um menino 'medroso'. Não gosta de brincadeiras exuberantes, tem medo de altura, medo de levar bolada, medo de tudo. Eu não sei exatamente quando ou porquê aconteceu isso, até porque sempre incentivei todas as 'artes' de criança. Ainda vamos ter que trabalhar bastante com isso. Ele é um menino que fala, fala, fala e fala, mas que surpresa, ele é reservado. Então, de alguma maneira ele consegue ser tímido e ao mesmo tempo gosta de falar, mas com pessoas que ele sente confiança. A alfabetização dele, como eu imaginei, ocorreu tranquila e sem nenhum problema. Hoje ele faz questão de agradar os amigos, de trocar brinquedos, de ser aceito, de participar. Mas não de coisas que envolvam perigos físicos rs. Tem uma habilidade para joguinhos que ganham de mim umas 10x.
Desde os 3 ou 4 anos é bem mais seletivo para comida. Escolhe os ingredientes que gosta e que não gosta.

Leonardo também nasceu um bebê que não dormia. Mas eu já estava vacinada e soube lidar melhor. Com 3 anos, já não quer tirar o sono da tarde. Mamou até 2 anos e alguma coisa, e o desmame ocorreu de forma tal que levei mais de uma semana para perceber.
Até os dois anos, Leonardo parecia ser uma cópia de personalidade de Gabriel. Mas Leo, aos 3, é destemido ainda, não tem medo de altura nem perigo (e nem noção). Aliás, usualmente Leonardo faz coisas que Gabriel tem medo, e acaba que Gabriel faz para não ficar para 'trás'. Ainda tem a língua enrolada e boa parte do tempo as sentenças dele são em leonardês. E ele fala bastante. Mesmo com os 12 meses, ele nunca se assustou com estranhos. Nunca se importou que estranhos mexam com ele, falem com ele. Acha graça, o danadinho. E desde que o irmão esteja por perto, não tem medo nenhum de correr até sair de nossa vista.

Para quem conhece os dois agora, parecem duas crianças de personalidade tão distintas que nem parecem irmãos. Mas é engraçado perceber que eram tão parecidos quando pequenos. E que parece que Leonardo tem mantido essas características por mais tempo.

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